Pernambuco

COMEMORAÇÃO

Editorial | MST PE: 30 anos cultivando lutas e sonhos

O MST se constituiu no estado de Pernambuco em julho de 1989

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Hoje o MST é uma referência para muitas outras organizações e militantes do campo e da cidade, pela sua forma de organização - Matheus Alves

Neste final de semana, dia 16, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra está convocando um ato para comemorar 30 anos de existência no estado de Pernambuco. 
O MST se constituiu no estado de Pernambuco em julho de 1989 com a realização de uma ocupação massiva no Engenho Mercês no município de Cabo de Santo Augustinho. Do ponto de vista histórico, Pernambuco é um dos estados com maior índice de concentração de terras, de riqueza e renda no campo, onde o poder do latifúndio se expressa também no poder político, com influencia no Congresso Nacional, na Assembléia Legislativa, no Poder Judiciário e no Governo do Estado. 
O MST nasce com a tarefa histórica de combater o latifúndio, a monocultura agroexportadora e propor novo modelo de desenvolvimento no campo e de organização da agricultura, baseado numa estrutura agrária mais justa com base na pequena propriedade da terra, familiar, coletiva e comunitária. 
Nesses 30 anos o MST enfrentou muitos desafios como: a dificuldade inicial dos primeiros anos de ser reconhecido como um movimento social, em especial pelas autoridades, os governos do estado e pelo INCRA, que representa o governo federal. Foram realizadas muitas atividades como caminhadas, marchas, ocupações de órgãos públicos e muitas ocupações de terras, para que o MST fosse reconhecido como uma força política no campo de Pernambuco. Hoje o MST sem sombra de dúvidas é uma das principais organizações política e referência e força política no campo. 
Um dos principais desafios do MST que está expresso nos seus objetivos é a luta pela terra e pela reforma agraria com o objetivo de alterar a estrutura agrária e a estrutura agrícola representada pelo modelo de desenvolvimento, adotado historicamente pelas elites, em especial na zona da mata com a produção de quase cinco século da monocultura da cana de açúcar. Esse modelo expressa o tripé da estrutura agraria brasileira da grande propriedade da terra, da monocultura agroexportadora e a utilização do trabalho escravizado.
Um dos maiores problemas enfrentado em Pernambuco, foi e continua sendo a violência no campo. A violência é inerente ao latifúndio, faz parte dessa estrutura injusta e violenta e o MST enfrentou isso de frente, na zona da mata os grupos armados paramilitares contratados pelos usineiros e senhores de engenho e no agreste e sertão a pistolagem paga pelos coronéis e fazendeiros contra aqueles que foram excluídos do processo e vivem em situação de total pobreza e miséria. Foram muitos presos, feridos, humilhados, torturados e assassinados como o massacre de Camarazal que até hoje, nunca foi investigado e ninguém punido. 
Hoje o MST é uma referência para muitas outras organizações e militantes do campo e da cidade, pela sua forma de organização, de formação política e técnica, pela luta pelo direito a educação do campo, em especial porque nesses 30 anos o MST conquistou 226 assentamentos e tem mais de 14 mil famílias assentadas e ainda resistem no campo 163 acampamentos onde vivem mais de 16 mil famílias que vivem sonhando e lutando pela reforma agraria.

Edição: Monyse Ravena