Pernambuco

LUTA

Blocos LGBT pautam diversidade e combate ao preconceito no Carnaval

Iniciativa dos blocos é uma demonstração de força e também um espaço de acolhimento da comunidade LGBT

Brasil de Fato | Recife |
No Recife, diversos blocos, troças e agremiações levam para as ruas todos os anos a luta e o combate ao preconceito - Divulgação

No período das festas de momo, as cores das bandeiras da diversidade sexual e de gênero se misturam com os brilhos e confetes do Carnaval para levar para as ruas a pauta política LGBT. No Recife, diversos blocos, troças e agremiações levam para as ruas todos os anos a luta e o combate ao preconceito.

Em 2020, o Bloco a Diversidade completa 10 anos, sendo um dos pioneiros em levar no estandarte as pautas e as cores da luta LGBT no estado. Fundado por cinco mulheres, a primeira edição do bloco saiu com o lema “Minha cama, minha vida”, brincando com o nome da então política social de moradia do governo Lula, pautando direitos relacionados à sexualidade e orientação de gênero, e, a cada ano, um lema diferente levanta essas questões “Todo ano o bloco traz um mote, um tema. No ano passado foi ‘Ninguém vai voltar para o armário’ e nesse ano é o ‘Terrível é a cara do preconceito’, em cima dessa questão da LGBTfobia”, explica Irene Freire, coordenadora do bloco

Foi também a partir de questões vividas por mulheres lésbicas que surgiu a Troça Carnavalesca Sapatão Quem Cola Entra, como conta Isabela Caldas, uma das organizadoras “A ideia surgiu no Reveillon, e era uma brincadeira entre amigas, mas ficamos brincando sobre sair de SapaSeita no Carnaval. De repente eu descobri que a gente ia ter um estandarte e íamos sair em bloco. Foi bem ao 44 do segundo tempo mesmo”. 

A troça surgiu da necessidade da representatividade lésbica no Carnaval “Isso se tornou mais urgente depois que duas colegas nossas foram agredidas por LGBTfobia e aí foi que o bloco tomou forma e saiu das ideias para virar realidade”, explica. A troça sai na terça de carnaval, às 14:30, com concentração na Rua Coronel Joaquim Cavalcante, próximo a Igreja da Boa Hora, em Olinda. As camisas do bloco estavam á venda, mas foram encerradas diante da demanda, que surpreendeu as organizadoras. 

Já no Bloco da Diversidade, as camisas são trocadas por dois quilos de alimento não perecível. A proposta do bloco é se juntar com a Articulação e Movimento de Travestis e Transexuais de Pernambuco (Amotrans-PE), a fim de doar os alimentos para pessoas trans em situação de vulnerabilidade. Quem quiser trocar camisas ou fazer mais doações deve ir no Centro Municipal de Referência em Cidadania LGBT, localizado na Rua dos Médicis, nº86, no bairro da Boa Vista. O bloco já saiu no último sábado (15) em Olinda, e saiu nessa quinta (20), em Recife, na Rua da Moeda, no Bairro do Recife.

Irene ressalta que mesmo numa fase de intolerância, o bloco é bem recebido “ A gente sabe que está enfrentando um momento de muitos retrocessos, e infelizmente há uma intolerância da sociedade, de violência e preconceito. Nessa perspectiva, nossa mensagem, o colorido, as músicas e a alegria mostram para a sociedade que estamos atentos e atentas, e a recepção do público é muito positiva”. 

Para Isabela, a iniciativa dos blocos é uma demonstração de força e também um espaço de acolhimento da comunidade LGBT nos dias de folia “O Carnaval por si já é uma festa muito política e democrática, com gente de todo tipo num só lugar e isso já é massa. Enquanto LGBT, ter um espaço de representatividade no Carnaval para mostrar que estamos juntas e que nossa força é maior do que a violência é essencial. Tudo se é político quando se é mulher e também quando se é LGBT”, conclui.

Edição: Monyse Ravena