Nem seis da manhã e já estava de pé pra ir experienciar o galo da madrugada. Vinda de Araripina, Sertão pernambucano, e morando há 04 anos no Recife, nunca havia participado do bloco. Na verdade, de onde venho o carnaval não é uma prática presente, ou como alguns costumam dizer, “em Araripina não tem carnaval”.

Lembro que durante muito tempo, a minha maior aproximação com o carnaval era de ver as transmissões dos desfiles das escolas de samba do sudeste na tv, que me impediam de ver os programas que eu gostava. Sequer ouvia falar sobre o carnaval de Pernambuco, a não ser porque nos recantos sertanejos, em qualquer época do ano, ecoava Alceu Valença avisando que “carnaval começa no galo da madrugada”. Então ainda que nunca tivesse participado de nenhuma folia carnavalesca a mensagem que se tinha era essa.

Durante esse período morando no Recife, fui pra diversos outros blocos, sobretudo em Olinda, me apaixonei pelo Carnaval, mas a ida pro Galo da Madrugada não acontecia, especialmente porque a maioria dos amigos preferiam ir pra Olinda por frequentemente ouvirem falar mal do bloco.

O Galo da Madrugada é impressionante desde as preparações. Antes mesmo da escultura do galo estar pronta, de pé, já vira uma grande atração, as pessoas saem de suas casas pra vê-lo, fotografá-lo, penso que faz a cidade pulsar diferente. O bloco é uma verdadeira explosão de potência! Surpreendente ver a pluralidade que é o Galo, seja nas atrações musicais, nos repertórios, fantasias, ou mais ainda no povo em festa. De crianças de colo à idosos com muito frevo no pé; grande maioria brilhante, cheios de gliter, uma produção que dura bem pouco diante do sol e de tanto suor.  “O frevo fervendo ao sol do meio-dia, quarenta graus de vassourinhas” e o povo pulando, dançando e gritando “ai que calor, ô, ô

Ai que calor, ô, ô

Ai que calor, ô, ô, ô, ô, ô... ô, ô”

Viva ao carnaval de Pernambuco, viva a mais longa madrugada de todas, e viva ao maior, mais plural e fervente bloco de rua do mundo. Bom carnaval para todos e todas, já que agora começou “oficialmente”.

 

Edição: Vanessa Gonzaga