Nas zonas urbanas, as orientações para enfrentar o coronavírus já são bem conhecidas: se manter em casa, higienizar bem as mãos e superfícies, se alimentar bem, e procurar o serviços de saúde em casos específicos. Mas, como manter a segurança e a saúde das populações do campo? De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar (PNAD), cerca de 27% da população da região nordeste vive no campo. Já de acordo com dados do IBGE, o estado tem cerca de 232.600 estabelecimentos da agricultura familiar que geram trabalho para aproximadamente 578.860 agricultores e agricultoras. Dessa forma, é urgente garantir que essas pessoas também consigam evitar o contágio pelo coronavírus, efetivando e adaptando as medidas de contenção no campo.
As questões relacionadas à crise na saúde pública também vem preocupando os movimentos populares do campo, que tem um trabalho direto com milhares de famílias agricultoras de todo o país. Em nota, movimentos ligados à Via Campesina ressaltam a preocupação com a desestruturação do Sistema Único de Saúde (SUS), manobra orquestrada pelo governo Bolsonaro e que tem um impacto direto neste momento de sobrecarga dos serviços de saúde “diante da grave crise de saúde pública, a reiterada postura irresponsável do governo Bolsonaro frente às medidas sanitárias, bem como as medidas econômicas com exclusivo conteúdo de proteger bancos e grandes empresas [...] tende a agravar ainda mais a crise, produzindo quadro simultâneo de pandemia aguda, fome e violência social”. Na nota, as organizações também se comprometem a reforçar as medidas de autocuidado, de não aglomeração e as medidas sanitárias orientadas pelos profissionais e organismos de saúde com objetivo de evitar a disseminação da doença.
As medidas de saúde podem ser adotadas no campo de maneira adaptada e tem o potencial de proteger essas populações, caso sejam efetivamente aplicadas, como afirma o deputado estadual Doriel Barros (PT), que tem ido até as comunidades rurais no estado para analisar e propor ao legislativo estadual projetos que possam dar seguridade às famílias nesse período “vamos continuar seguindo as orientações da OMS e do Ministério da Saúde. Agora, a proposta é apresentar ao governo algumas sugestões no sentido de dar apoio a população rural, que já apresenta uma quantidade considerável de idosos e que fazem parte do grupo de risco do vírus, então a proposta é vacinar os idosos contra a gripe na zona rural e iniciar a distribuição de cestas básicas para os alunos da rede estadual que vivem no campo durante a interrupção das aulas para que as pessoas tenham o mínimo de condição de se alimentar e de se manter em isolamento”, endossa.
Edição: Monyse Ravena