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O que significa a demissão de Mandetta?

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Acredito que Bolsonaro queira o caos. E se for isso, parece estar no caminho. - Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Só para exemplificar, o Mandetta foi favorável ao congelamento do orçamento público por 20 anos

É público o descompromisso de Jair Bolsonaro com as vidas do povo
brasileiro. E esta afirmação aparece nítida em várias questões do seu governo. Mas, como profissional de saúde, enxergo que este descompromisso ganha muita materialidade a partir da forma como o presidente observa e direciona o seu discurso para a questão do Coronavírus e seus impactos no território brasileiro. A própria popularidade do presidente, em queda, fala por si quanto a isso.

A novidade no momento em que sento para escrever a coluna é a demissão consumada do ministro da saúde, o Henrique Mandetta. Tal demissão já parecia desenhada há pelo menos um mês: de um lado tínhamos um presidente da república, e seu gabinete do ódio, minimizando os impactos do vírus. Do outro, com Mandetta representando o Ministério da Saúde, o discurso apontava para a seriedade do problema.

Aponto esta diferença entre os discursos com a tranquilidade de quem sempre foi ferrenho crítico do ministro desde outros tempos. Afinal, não tinha o que esperar de um ministro escolhido para compor um governo de Bolsonaro. Só para exemplificar, o Mandetta foi favorável ao congelamento do orçamento público por 20 anos, assim como foi uma das principais vozes do reacionarismo médico contra o Programa Mais Médicos, que tanta importância teve e tem para o povo do Brasil. Mas em um momento de crise, no qual já
estamos na casa das centenas de mortes diárias por Covid19 no Brasil, ele teve a coragem de confrontar o discurso bolsonarista. E isso precisa ficar bem pontuado.

Para o seu lugar, Bolsonaro escolheu o médico Nelson Teich, que chegou a até a ser consultor da campanha do presidente. Pelo que consta, pouco tem experiência em serviços públicos, tendo sua vida profissional quase que exclusivamente voltada para o setor privado. Também nunca ocupou cargos públicos. E é este senhor que Bolsonaro escolhe para liderar o Ministério da Saúde pelos meses que devem ser os mais difíceis da história da existência do SUS?

Acredito que Bolsonaro queira o caos. E se for isso, parece estar no caminho. Afinal, como já falei, a curva de casos e mortes no Brasil pela nova doença seguem subindo. Está explícito agora, mais do que nunca, que Bolsonaro é o responsável por cada pessoa morta e por cada família que sofra com esta doença. Que tenhamos muita sorte daqui para frente, assim como desejo muito trabalho aos governos estaduais. Porque governo federal já nos deixou há tempos.
 

Edição: Monyse Ravena