Defender a vida, em período históricos de pandemia, deve estar acima de tudo
Começamos hoje uma série de três artigos sobre os modos de enfrentar o coronavírus no campo. Vivemos hoje, em todo mundo, um momento conjuntural e histórico diferente e intenso, com alteração muito acelerada da correlação de forças. Considerado a particularidade de cada país ou território, estamos enfrentando dois grandes inimigo do povo, como classe trabalhadora. Um inimigo visível como a covid-19, (mas, invisível como vírus causador), e as consequências da pandemia, que causa: medo, tensão, dor, sofrimento, baixa estima, stress, comoção, mortes, terror, mas exige de todos, do conjunto da sociedade e dos poderes do estado: executivos, legislativos e judiciário; atitudes (como virtude) para colocar a vida, salvar vidas, em primeiro lugar. Defender a vida, em período históricos de pandemia, deve estar acima de tudo. E um inimigo, também comum, o capital, um parasita, que se aproveita destes momentos de crises e comoção social, para sugar do Estado, da sociedade e da natureza, o máximo para seguir seu curso e impulsionar mais concentração de riqueza, renda e mais lucro.
O capital continua pressionando os Estados Nacionais, aproveitando da fragilidade econômica e política promovidas pela pandemia, que tem causado mais desemprego, aumento da fome e caos social para promover os ajustes neoliberais que permitirão ao capital precarizar ainda mais, as legislações trabalhista. Exigem que os países aprovem nova lei laboral para garantir que o capital possa explorar a força de trabalho com menos custos e menos regulamentação e que todos os países ajustem as suas leis previdenciárias para permitir que o capital possa explorar a força de trabalho por mais tempo da sua vida. Permitindo ao capital explorar a força de trabalho com menos custos e por mais tempo auferindo cada vez mais lucros e mais vantagens na exploração da força de trabalho.
Vivemos uma intensa guerra em escala internacional, que atinge todos os países, e de forma direta ou indiretamente atinge todas as comunidades, povoados e famílias, em qualquer parte do mundo, sejam grandes metrópoles, pequenas cidades vilas e povoados rurais. Todos estamos de forma direta ou indireta vivendo intensamente a guerra contra a pandemia covid-19. No entanto não vivemos só essa guerra, o mundo vive várias guerras e crises, ao mesmo tempo, vivemos crise econômica, ambiental, ameaças de guerras e invasões imperialista por interesses políticos, econômicos e geopolíticos. Em alguns países, está mais presente, as consequências são mais profundas e suas consequências, letais. Vivemos também a guerra da comunicação, nos últimos tempos a extrema direita conservadora de ideologia fascista no mundo, tem ganhado esta guerra da comunicação, utilizando como meios de comunicação para atingir as grandes massas mais pobres do mundo, robôs que disparam fakes nas redes sociais a cada minuto a serviço do grande capital e do modelo liberal conservador. Tentando minimizar os efeitos da pandemia e trabalhar uma ideia suicida contra o isolamento social.
Alguns países como o Irã, e em especial a Venezuela, estão paralelamente em outra guerra. A guerra com tantas ameaças de invasão, das forças militares americanas. A Venezuela em especial vive uma guerra contra as sanções econômicas e todo tipo de boicote promovido, em plena pandemia pelo imperialismo norte americano. Mesmo assim, o governo da Venezuela tem promovido um estado amplo de confinamento social, com isso a Venezuela está vencendo a guerra contra coronavírus. Nos últimos dias não se registrou nenhum caso de infecção de coronavírus, é uma nação inteira em guerra contra coronavírus e um povo inteiro junto com o governo em guerra contra o bloqueio e a invasão norte-americana.
No campo, as famílias e povoados, que vivem em zonas rurais, estariam inicialmente mais protegidos contra infecção em massa do novo coronavírus, no entanto vivemos em situações bastante contraditórias. Quando vamos falar do campesinato não dá para unificar uma visão de camponeses para toda asas regiões do mundo por que temos na América Latina e em especial nas regiões amazônica, camponeses e comunidades de camponeses que viviam mais isolados, temos praticamente em toda a África comunidade de camponeses que vivem bastante isoladas. Na Ásia comunidades e povoados que vivem da agricultura, vivem em sua maioria em grandes povoados, vilas e cidades rurais. Mas, situações de camponeses que vivem mais isolados e concentrados em povoados e comunidades podemos encontrar na mesma região ou países.
Mas, de qualquer forma, vivemos mais isolados dos grandes centros urbanos e das grandes metrópoles, então olhando do ponto de vista epidêmico nós estaríamos a priori, mais protegido, em função da distância das regiões urbanas onde o vírus encontra terrenos mais férteis para a sua propagação, e também considerando uma menor mobilidade social bem como processo de produção e transporte diferenciados, a não ser quando considerarmos os assalariados rurais. Analisando assim teríamos as condições de praticar o isolamento social, relativamente com mais segurança. Podemos ainda praticar o isolamento social, “ficar em casa”, mantendo-se em casa com a família, nas comunidades e trabalhar e continuar trabalhando nas atividades agrícolas: plantando, cultivando, colhendo, criando animais, é o que já fizemos no dia a dia. Alguns tem chamado de “Isolamento produtivo”.
Pensando assim, teríamos comparativamente mais capacidade de evitar a propagação e a expansão do vírus nas regiões rurais e entre os camponeses e camponesas, no entanto contraditoriamente é exatamente nas comunidades rurais, nos municípios do interior em que os sistemas saúde estão menos preparados para atender a demanda. Quando um camponês, uma camponesa adoecem, a possibilidade de socorro médico é muito mais difícil, pela distância, a falta de estrutura, pela falta de profissionais da medicina e a falta de logística.
Nestas circunstâncias para atender áreas mais longínqua e isolada, todas as condições passam a ser muito mais difíceis. Somado a isso, as condições das pequenas cidades, mais próxima das zonas rurais são as que estão mais despreparados para atender as populações em caso de serem infectadas pelo novo coronavírus: faltam hospitais, leitos hospitalares com respiradores necessários para salvar as vidas de quem são atingidos pela covis-19. Sem UTIs, sem médicos, muitas vezes sem enfermeiros e enfermeiras, estão completamente desprovidos da necessidade do atendimento emergencial e de logística para socorrer pessoas em distância longínquas. Portanto vivemos dessas contradições, de um lado estamos comparativamente com melhores condições de proteção com o isolamento social e sem parar o processo de produção familiar mas, à mercê do obsoleto sistema de saúde, em quase todas as regiões do mundo.
Edição: Monyse Ravena