Em respeito às recomendações de isolamento social, movimentos populares de Pernambuco substituíram o tradicional ato de rua do Dia do Trabalhador e Trabalhadora por ações de solidariedade em diversos municípios, com o objetivo suprir uma das demandas imediatas da população que viu sua renda cair muito devido a pandemia. Na Região Metropolitana, Agreste e Sertão, sindicatos urbanos e rurais, movimentos sociais e partidos políticos doaram alimentos e materiais de higiene para quem mais precisa.
A periferia de Olinda recebeu uma das principais doações. Foram 10 toneladas de alimentos doadas pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e mais 200 cestas básicas doadas pelo coletivo Unificados pela População em Situação de Rua. Todas as doações foram distribuídas no bairro de Peixinhos. A atividade marcou o lançamento, em Pernambuco, da campanha nacional Periferia Viva.
Dirigente do MST no estado e um dos coordenadores do projeto Mãos Solidárias, Paulo Mansan participou da entrega das doações em Peixinhos e conversou com a população sobre o momento. "Provavelmente algumas famílias daqui de Peixinhos, assim como nós do MST, já precisou acampar, lutar e conquistar seu pedaço de terra, seja na cidade ou no campo. Neste momento em que cresce o número de pessoas com fome nas cidades, aquelas que já conquistaram suas terras no campo, hoje doam sua produção", afirmou Mansan. "Então, essa macaxeira que vocês estão recebendo não é uma macaxeira comum. Ela tem 20 anos de história, porque foi produzida por uma família que acampou e conquistou sua terra", completou. Ele disse, ainda, que a mensagem do MST é da importância de a população se organizar e lutar pelos seus direitos e por uma vida digna.
A ação teve colaboração direta do Movimento dos Trabalhadores por Direitos (MTD) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e da Frente Brasil Popular. Toda a ação é parte do Mãos Solidárias, campanha que reúne ainda a Arquidiocese de Olinda e Recife, da igreja católica, e outras tantas organizações que estão se somando em ações de solidariedade.
No Recife, o Mãos Solidárias seguiu com a distribuição diária de 600 marmitas (no café da manhã e jantar) e banho para a população de rua que vive no centro. Às atividades se somam coletivos como o Novo Jeito, o Levante Popular da Juventude, a Consulta Popular e sindicatos como o dos Petroleiros (Sindipetro). Já no bairro de Nova Descoberta, zona norte da cidade, o Sindicato dos Trabalhadores do Porto Digital (SindPD) se uniu ao Grupo Mulher Maravilha, que atua há décadas na comunidade, num trabalho de arrecadação de alimentos e material de higiene, além de conversar com as mulheres para combater a violência doméstica.
No interior, as ações de solidariedade também tomaram corpo. Em Garanhuns, no Agreste, a campanha Mãos Solidárias tem sido encampada pela Federação dos Trabalhadores da Agricultura de Pernambuco (Fetape). Nesta sexta (1°) houve distribuição de cestas básicas, além das marmitas. O Mãos Solidárias também está em Caruaru e Petrolina, tocada pela Frente Brasil Popular e organizações que a compõem localmente.
No Sertão do Itaparica, o MST, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), o Partido dos Trabalhadores (PT) e lideranças urbanas realizaram doação de 50 kits com alimentos produzidos pelos assentados da reforma agrária, máscaras faciais e mudas de ervas medicinais. Ação similar se repetiu em Triunfo, no Sertão do Pajeú, unindo STR, Fetape, Adesu e IPA.
Transmissões ao vivo
A Central Única dos Trabalhadores (CUT Pernambuco) também realizou uma série de transmissões ao vivo nas suas redes sociais, as já disseminadas "lives". Logo às 9h, a CUT-PE transmitiu em suas páginas no Facebook e Instagram um debate com o tema "Saúde, emprego e renda". Às 11h houve a divulgação das ações de solidariedade que estavam ocorrendo no estado.
Pouco depois, às 11h30, só no Facebook, houve a retransmissão de uma "live" nacional que contou com falas de diversas centrais sindicatos e frentes de luta, além de apresentações musicais; e às 16h, só no Facebook, houve debate com participação da presidenta da Fetape, Cícera Nunes; do deputado estadual Doriel Barros (PT); do coordenador do MST Jaime Amorim; do coordenador da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA), Alexandre Pires; do deputado federal Carlos Veras (PT); e do ex-presidente Lula (PT).
Edição: Marcos Barbosa