Há cerca de duas semanas, a Prefeitura Municipal de Igarassu, a 28 km do Recife, retirou as bancas de 26 feirantes da Largo da Feira da cidade sem nenhum aviso prévio ou diálogo com a categoria. Considerado um setor do comércio não essencial, uma nota da prefeitura informa que o local permanecerá fechado até o dia 15 de maio por conta da pandemia de coronavírus.
“A reivindicação principal é a garantia do trabalho pós pandemia porque mesmo com essa situação a feira toda tá aberta, loja de itens não essenciais... Só esses feirantes do Largo foram removidos. Aí, a desculpa da Prefeitura é que precisa ser feito um retorno ali” explica Otho Paiva, membro do coletivo Catucá, que junto com outras organizações como o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Comércio Informal (SINTRACI), União Nacional das Trabalhadoras e Trabalhadores Ambulantes (UNICAB) e o Coletivo Mariú se posicionaram contra a obra, que vai retirar dos trabalhadores o local de trabalho e que vai expor uma outra categoria que terá de trabalhar nas obras durante a pandemia de coronavírus.
Em protesto a decisão de retirada das bancas pela Prefeitura, os feirantes montaram as barracas novamente no local e colaram cartazes de protesto contra a ação do município. Desde a primeira retirada, os movimentos afirmam que marcaram reuniões de negociação com a Prefeitura e com a Secretaria Executiva de Comércio e Serviços, que não apresentaram o projeto de qualificação do Largo da Feira, cobrado pelos feirantes, e não negociaram uma forma de assegurar a renda desses trabalhadores.
Em nota lançada em 18 de abril, a Secretaria Executiva de Comércio e Serviços afirma que um galpão já havia sido disponibilizado para os feirantes e que o município disponibilizaria o transporte para a mudança de local. De acordo com a secretaria, no largo “será realizada uma obra de melhoria e também a instalação de higienizadores com água e sabão para o combate à Covid-19” e que o órgão está “buscando formas de melhorar as condições de trabalho para os comerciantes no referido galpão de importados”. Otho argumenta que o novo local tem problemas “colocaram o pessoal para um local insalubre, com esgoto a céu aberto, com mais aglomeração e não é um ponto comercial para a categoria de produtos que o pessoal vende”.
O movimento tem duas propostas com base nos exemplos de outros municípios, que estão construindo formas de garantir a assistência dos trabalhadores informais “A gente quer garantir um auxílio emergencial por parte da Prefeitura, com a distribuição de cestas básicas nesse período que o pessoal está em casa e no pós pandemia que os trabalhadores voltem a trabalhar na região do Largo, numa estrutura padronizada, porque tem espaço disponível”, explica Ivaldo Marques, o Belloto, trabalhador informal há 26 anos e membro da SINTRACI.
Ele ressalta que a administração municipal precisa ter iniciativa para resolver a questão “A gente quer buscar uma solução pra isso junto com a prefeitura e os órgãos envolvidos na situação, pra fazer com que os trabalhadores informais tenham seu direitos garantidos”. Até o momento, os trabalhadores estão sendo acolhidos pela Ouvidoria Municipal, que está fazendo um levantamento da situação socioeconômica dos trabalhadores, que continuam à espera de uma proposição pela Prefeitura Municipal de Igarassu.
Edição: Monyse Ravena