Nunca é demais reforçar o quanto a atuação do governo federal tem sido desastrosa no comando do SUS
Começamos mais um mês sob a tensão dos impactos da pandemia em nosso país. Mas agora, mais do que projeções, estamos contando os corpos e assistindo ao colapso do sistema de saúde. No início de abril, falávamos ainda em pouco mais de 6 mil pessoas infectadas para 244 mortes. Hoje, os mortos bateram a casa dos 9 mil e já passamos dos 135 mil casos. E, o pior de tudo: não há a menor perspectiva de pausa neste crescimento.
A opção de escrever este primeiro parágrafo de forma um tanto assustadora não é puro sensacionalismo. Ao contrário, eu acho que precisamos de muita serenidade para dar conta da realidade que enfrentaremos nas próximas semanas. Entretanto, ou nós temos uma evidente noção do que está acontecendo ou temo por uma tragédia maior ainda. Nunca é demais reforçar o quanto a atuação do governo federal tem sido desastrosa no comando do SUS e do nosso país neste momento tão crítico.
O título da coluna é uma referência a um editorial lançado hoje mesmo pela revista The Lancet, uma das mais tradicionais e conceituadas revistas médicas do mundo. Nele, a revista aponta a realidade da COVID no Brasil com um bom resumo dos seus impactos. Fala da subida descontrolada de casos e mortes, que não há perspectiva nenhuma para o fim de tudo isso e conclui afirmando que "ou Bolsonaro muda drasticamente o rumo ou terá de ser o próximo a sair". Apesar de ressaltar a posição firme a favor da ciência e da vida, diria que a revista termina sendo otimista ao acreditar na queda de Bolsonaro no curto prazo. Mas deixo este assunto para um próximo momento.
Por ora, precisamos seguir concentrando todos os esforços na defesa do povo brasileiro. Seja pelo impacto direto do vírus, seja pelas consequências econômicas. Para o primeiro grupo de problemas, é preciso ressaltar a importância do SUS e garantir que o Estado brasileiro dê conta de ampliar as nossas forças para as próximas semanas. Isso inclui garantir todas as condições para que os profissionais de saúde possam trabalhar de forma segura e eficaz. Para o segundo grupo, é apontar a responsabilidade do estado brasileiro em prover condições dignas para a população brasileira. 600 reais é pouco. É preciso muito mais.
Edição: Marcos Barbosa