Nesta quarta (13), as 75 famílias que vivem no Engenho Fervedouro, no município de Jaqueira, na região da Zona da Mata, foram surpreendidas com viaturas para cumprir um mandado de reintegração de posse em favor da Empresa Agropecuária Mata Sul. Há dois anos, a empresa e as famílias vivem um conflito em relação à posse das terras de aproximadamente 5 mil hectares que compreende as comunidades do Fervedouro, Barro Branco, Rampa, Laranjeiras, Caixa D’Água, Guerra, Várzea Velha, Guerra e outras.
Nesta quarta, a polícia apareceu mais uma vez no local, como explica Maria Janaína Da Silva, moradora do local e membro da Associação Comunitária do Engenho Fervedouro “Os policiais chegaram e nos ameaçaram, disseram que iam me prender porque eu disse que a liminar era velha, porque tem data do dia 30 e não é dessa área aqui”. A moradora também afirma que idosos e crianças foram agredidos pela polícia, que utilizou spray de pimenta e balas de borracha para dispersar as famílias.
Há algumas semanas, ela afirma que a justiça havia visitado o local para fazer uma vistoria e começar a dividir as terras que seriam destinadas às famílias e as que ficariam com a empresa, mas os ataques para intimidar os moradores da área são antigos, como explica a moradora “O juiz tinha passado e determinado as áreas, mas depois disso a Agropecuária Mata Sul descumpre as ordens, destroi as lavouras do moradores, eles instalaram câmeras com autorização da justiça aqui, drones passam aqui todos os dias, helicópteros fazem pulverização e jogam veneno na comunidade”, denuncia. Alguns moradores vivem no local há mais de 60 anos, sendo que grande parte deles são antigos trabalhadores da Usina Frei Caneca, que após a falência da empresa passaram a viver nas áreas enquanto 123 processos contra a antiga usina correm na Justiça do Trabalho.
O conflito já foi denunciado à diversos órgãos públicos, como Secretaria de Desenvolvimento Agrário do Estado, à Procuradoria Geral do Estado (PGE), ao Ministério Público Estadual e Federal, ao Ministério Público do Trabalho (MPT), ao Incra, à Prefeitura e Câmara de Vereadores e Vereadoras do município e à parlamentares, mas as famílias ainda aguardam a solução do problema.
Edição: Monyse Ravena