No último dia 25 de maio, mais um caso de violência policial e racismo ganhou repercussão nos Estados Unidos. As cenas do policial branco Derek Chauvin ajoelhado sobre o pescoço do trabalhador da segurança George Floyd, negro, até a morte deste por asfixia, rodaram o mundo e levaram a manifestações quase diárias em mais de 70 cidades nos EUA. Mais uma vez, a campanha “Vidas Negras Importam” (“Black Lives Matter”) ganhou as redes sociais, também no Brasil, e os clubes de futebol de Pernambuco não se furtaram de tomar posição sobre o tema.
O primeiro a tomar posição foi o Santa Cruz. O clube tem sua história marcada pela inclusão racial, visto que foi o primeiro clube da capital pernambucana a aceitar entre os atletas um negro – o volante Teófilo Batista de Carvalho, o “Lacraia”, que na verdade foi também um fundador do clube, diretor, desenhou o primeiro brasão do clube e também foi capitão e técnico da equipe. O Tricolor do Arruda acolheu futebolistas negros que não eram aceitos no Náutico, Sport ou América. Em seu perfil no Instagram, o clube coral publicou a imagem acima e uma mensagem em que menciona ainda o zagueiro Sebastião “da Virada”, o meia Henágio e o atacante Grafite, concluindo com o compromisso: “lutaremos sempre contra o racismo. O Santa é de todos!”.
Já o Náutico usou seu perfil no Twitter para se posicionar. O clube da Rosa e Silva mencionou seus primeiros anos de futebol, no início dos anos 1900, quando ficou conhecido como “Clube de Brancos” por não aceitar negros e mestiços vestindo as cores alvirrubras. “Quando o assunto é racismo, a nossa própria história nos mostra a importância de evoluir. Estamos em evolução. Não existe mais espaço, na vida e no futebol, para quem pensa que a raça define quem o outro é. Não é favor, é obrigação. O racismo mata. Denuncie!”, publicou o Timbu, mencionando ainda ídolos negros na história do clube, como os goleiros Nílson e Lula Monstrinho, além do atacante Jorge Mendonça.
O Sport, que também levou anos até aceitar negros no seu elenco, tem como torcedora ilustre e sócia benemérita uma mulher negra e empregada doméstica aposentada, Dona Maria José, hoje com 95 anos. E foi com uma imagem das mãos dela que o Leão da Ilha se posicionou sobre o tema, no seu perfil do Instagram. A foi foto acompanhada da mensagem: “ser contra o racismo sempre será uma pauta do Sport. Uma luta diária sem espaço para omissão. São vidas que fazem parte da nossa história, nossa glória e grandeza”. No Sertão pernambucano, o Salgueiro, também no Instagram, publicou uma imagem e a frase “tire seu racismo do caminho, que eu quero passar com a minha cor”.
Edição: Marcos Barbosa