Pernambuco

Pandemia

Com casos em 182 dos 184 municípios, Pernambuco vive "interiorização da covid-19"

Em Petrolina, maior cidade do Sertão, taxa de isolamento é de apenas 35,7%

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Shopping de Petrolina na semana de reabertura - Arquivo Pessoal

Os casos de covid-19 já chegaram a 182 dos 184 municípios no Estado de Pernambuco, além de Fernando de Noronha, segundo dados do Instituto para Redução de Riscos e Desastres (IRRD), da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Até o momento, apenas nos municípios de Manari e Mirandiba, localizados no Sertão, ainda não foram confirmados casos de infecção por coronavírus.

Isto mostra que a pandemia tem se alastrado pelo interior do estado e vem apresentando cada dia mais casos. Em Pernambuco, desde o início da pandemia, já foram registradas 41.010 pessoas contaminadas com a doença, segundo dados do Governo do Estado. Apesar do maior número de casos se concentrar na Região Metropolitana do Recife (RMR) e no Agreste, o Sertão também apresenta uma quantidade significativa de infecções, sendo Petrolina o município que apresenta os números mais elevados da região, com 366 confirmações.

"A gente tem acompanhado um comportamento da doença, inclusive no Brasil, em que ela já provocou um estrago nas capitais e regiões metropolitanas, e começa a se aproximar agora do interior. É o que a gente tem chamado de interiorização da doença, com uma certa estabilização nas capitais e um agravamento da situação no interior, o que está acontecendo no Rio de Janeiro e São Paulo, e deve acontecer aqui em Pernambuco também”, é o que diz o médico de família e comunidade Aristóteles Cardona Jr. “em Petrolina, particularmente, foram realizadas ações que deram para segurar bem o número de casos e a gente não vive nem viveu aqui uma crise como em outros lugares, mas isso pode mudar nas próximas semas com o relaxamento das medidas de isolamento”, completa.

De acordo com boletim divulgado pela assessoria da Prefeitura de Petrolina, estão sendo realizados testes rápidos para o diagnóstico da doença. Ontem, seis das 210 pessoas testadas na rede pública receberam o diagnóstico positivo para covid-19, além de outras duas pessoas que realizaram os exames em laboratórios da rede particular. Além disso, o boletim indica que a rede pública possui 20 leitos de UTI, entre os quais estão Neurocardio, com capacidade de cinco leitos, vinculado ao SUS, que está com a taxa de ocupação em 100%; o Hospital Universitário, com capacidade de 10 leitos, que está com uma taxa de ocupação de 40%; e o Hospital Dom Malan – HDM/Imip, que tem capacidade de cinco leitos, os quais estão desocupados.

Na última segunda-feira (8), o Ministério Público do Estado da Bahia (MPBA), em conjunto com os Ministérios Públicos Federal (MPF) e estadual de Pernambuco (MPPE) recomendaram a divulgação diária nos municípios da região do Vale no Médio São Francisco, dentre os quais está o município de Petrolina. Conforme a recomendação, não haveria leitos suficientes para atender a população, observando que a disponibilidade proporcional de vagas estaria abaixo da estimada como adequada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), de 11 leitos para cada 110 mil habitantes. 

Segundo o Ranking de Isolamento Social de Pernambuco, divulgado pelo Ministério Público de Pernambuco – MPPE, a taxa de isolamento no município de Petrolina é de 35,7% entre os seus 349.145 habitantes. Vale observar que desde o dia 1º de junho foi iniciada a retomada das atividades econômicas, anunciada pelo prefeito Miguel Coelho no dia 29 de maio. Neste programa, foi autorizado que comércio, shopping, serviços públicos, parques públicos e templos religiosos começassem a funcionar com 50% da sua capacidade. Já o serviço de transporte público foi liberado para circular com a ocupação dos veículos em 75%. A agricultura, indústria, mototáxis, táxis, transporte por aplicativo e serviços essenciais passaram a funcionar em sua capacidade total.

Sobre a retomada das atividades comerciais que vêm ocorrendo em todo o estado, o médico Aristóteles Cardona afirmou que é possível que haja um aumento dos casos algumas semanas após a reabertura. "Eu não tenho dúvidas de que essa reabertura de espaços públicos e lojas neste momento é precipitada e não sou só eu quem digo isso, podemos ver a mesma opinião em equipes técnicas das secretarias estaduais e municipais de saúde mesmo nos locais onde a reabertura está sendo promovida, então vamos ver o impacto disso nos próximos dia", alertou.

Edição: Marcos Barbosa