Nesta semana, teve início o processo de flexibilização do isolamento social e reabertura de determinados setores em Pernambuco. Com isso, trabalhadores, consumidores e pacientes voltaram a transitar pelas ruas dos municípios pernambucanos seguindo o Plano de Convivência disponibilizado pelo Governo do Estado. No entanto, um dos maiores impactos desse retorno tem sido observado nos transportes públicos. Com episódios de superlotação, a população tem estado impossibilitada de cumprir as normas para o distanciamento social, que é essencial para o retorno seguro da convivência.
A Frente de Luta pelo Transporte Público em Pernambuco recebeu diversas reclamações, fotos e vídeos sobre superlotação, quebra de ônibus, longas esperas nas paradas e a frota insuficiente para a quantidade de pessoas circulando pela Região Metropolitana do Recife. “Com essa volta gradual do setor econômico a gente vê que não houve uma preparação do setor do transporte público, seja ele ônibus ou metrô” afirma a coordenadora da Frente, Raysa Rabelo. “O transporte público não está preparado para essa abertura econômica, até porque já não vinha obedecendo as diretrizes do Ministério Público para manter uma frota efetiva que alcançasse o que foi proposto nos decretos durante o lockdown e a quarentena”, completa.
Apesar de começar a diminuir a quantidade de casos registrados diariamente e a lista de espera de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) ter sido zerada, ainda assim é necessário ter cautela porque todos os estados do país continuam registrando novos casos da doença e Pernambuco não é exceção. “O transporte público vai se tornar uma questão de saúde pública, porque quando tem surto de doenças menos severas a gente já identifica a transmissão no transporte público. Se for abrir, têm que ser aplicadas várias regras que Pernambuco não está cumprindo", afirmou Raysa.
Além disso, a coordenadora da Frente observou que, apesar do governo ter proposto uma retomada gradual, a população interpretou como uma retomada imediata das atividades, o que pode impactar inclusive em um aumento no número de casos de covid-19. "O governo disse que ia ser uma reabertura gradual, mas a gente está vendo que não está sendo gradual. As pessoas estão nas ruas. Está havendo uma interiorização da doença e acredito que daqui a uns 15 dias vai ter um boom no estado todo, e em Recife vai ser pior por causa da questão do transporte público que aglutina, que aglomera muita gente e facilita a transmissão do vírus", disse Raysa
Por meio de nota, o Consórcio Grande Recife informou que, de acordo com o Plano de Monitoramento e Convivência com a covid-19, anunciado pelo Governo do Estado, no final da semana passada, o Grande Recife reforçou linhas e ampliou para 17 o número de terminais integrados que contam com ônibus extras. Estes veículos são colocados em operação de acordo com a demanda dos usuários. A nova operação teve início nesta segunda-feira (08) e vem sendo acompanhada por fiscais do Consórcio para os devidos ajustes, caso seja necessário. A partir da retomada de outros setores da economia, na próxima semana, um novo reforço deve ser colocado em prática.
Edição: Marcos Barbosa