A Prefeitura Municipal de Petrolina anunciou em suas redes sociais a contagem regressiva para a inauguração do Centro de Parto Natural, que deve ocorrer ainda neste mês de junho. Com isso, foi publicado o Projeto de Lei nº 011/2020 pelo prefeito Miguel Coelho (MDB), que está sendo discutido na Câmara dos Vereadores, que trata sobre a proposta de nomear a maternidade em homenagem ao centenário do político, industrial e médico petrolinense Nilo Coelho, tio-avô do prefeito, que já dá nome ao aeroporto, uma fundação, uma escola, uma avenida, a um dos projetos irrigados e ainda ao memorial da cidade de Petrolina. Nilo foi governador de Pernambuco entre 1967 e 1971, tendo sido nomeado pelo General Castelo Branco durante a ditadura militar.
A vereadora Cristina Costa (PT) pediu esclarecimentos sobre a homenagem à Nilo Coelho, visto que a Lei Municipal de n° 2.895/2017, que entrou em vigor em 20 de janeiro de 2017 determinava que o Centro – Hospital da Mulher homenagearia a Deputada Isabel Cristina de Oliveira. Em sua conta no Instagram, a vereadora afirma que é incoerente renomear um prédio com alguém que já foi homenageado diversas vezes.“Questiono se essa atitude não é uma falta de ética, já que retira a homenagem a deputada Isabel Cristina, que já foi aprovada pelos vereadores da Casa Plínio Amorim, em 2017. Ainda pergunto se não é uma afronta as mulheres de Petrolina, uma vez que o equipamento público é destinado a atender gestantes e renomear com o nome de um homem é desconsiderar a história das mulheres da nossa cidade.”, frisou Costa.
Ao saber da proposta de nomear o centro em homenagem ao ex-governador, um grupo de mulheres discordou do nome, por entender que a homenagem deve ser feita à parteira petrolinense Idalina dos Santos, que melhor simbolizaria a essência do Centro de Parto Natural. A movimentação se tornou uma campanha nas redes sociais com as hashtags #CasadepartoIdalina e #CPNIdalina. "Idalina foi uma mulher, foi parteira, é significativo para o local e a mobilização partiu de um grupo de mulheres mães ou futuras mães que desejam que o instrumento de parto natural seja nomeado com alguém que realmente teve importância nesse movimento e não o nome de um médico que já dá nome a muitas coisas na cidade”, afirmou a doula, consultora em aleitamento materno e acadêmica em enfermagem Danny Silva, que faz parte do grupo.
Assim, nome da parteira foi proposto para dar nome ao Centro de Partos em sessão da Câmara de Vereadores de Petrolina pelo vereador Gilmar dos Santos (PT), que também entende que o local deve receber o nome de uma mulher. “ O que fundamenta a nossa posição contrária é, principalmente, porque esse equipamento deve ter o nome de quem represente as mulheres. E quem mais, além das próprias mulheres, pode representá-las? Nós apresentamos três sugestões durante sessão da Câmara, entre elas a da parteira Idalina dos Santos”, afirmou Gilmar, que acredita que todas as sugestões de nomes femininos devem ser ponderadas.
O Centro de Partos foi construído em frente ao Hospital Universitário, localizado no centro da cidade. Inicialmente seria uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), no entanto foi convertido em maternidade pela pressão popular devido à necessidade do município, que até então não possuía nenhum hospital na rede pública exclusivo para atender as gestantes. "O Centro de Parto é um sonho grande das mulheres que desejam parir com respeito, que desejam parir com dignidade e que desejam ter suas vontades durante o parto atendidas", afirmou Danny, que completa "desejam ter liberdade de caminhar, liberdade de se alimentar, liberdade de escolher a posição para parir, liberdade de ter seu filho consigo na primeira hora de vida - que é a hora de ouro e é extremamente importante para o vínculo - e só um Centro de Parto Natural possibilita isso por conta da demanda, vai ter menos mulheres parindo, então a equipe vai estar lá pronta para assistir essa mulheres de forma mais humanizada e porque não vai ter intercorrência".
O centro começou a tomar forma em 21 de setembro de 2019, durante as comemorações do aniversário da cidade, quando o prefeito Miguel Coelho assinou a Ordem de Serviço para início da construção. Com o objetivo de desafogar o Hospital Dom Malan, a maternidade municipal contará com cinco apartamentos individuais, salas de vacina, de cuidados ao recém-nascido e área de deambulação (local de passeio das grávidas). Além disso, funcionará de domingo a domingo durante 24 horas e terá a capacidade de realizar 150 partos por mês. Para Gilmar, a construção do centro é uma conquista “A construção do Centro de Parto Natural de Petrolina é o resultado de uma luta histórica de mulheres do nosso município pela promoção e defesa do direito à saúde das gestantes e dos recém-nascidos e, nesse sentido, de uma assistência humanizada tanto ao parto, quanto ao nascimento. É resultado, também, de uma série de denúncias sobre maus tratos, negligências, e mortes, tanto de gestantes quanto de crianças diante das limitações e precárias condições médico-hospitalares aqui no município”.
Edição: Vanessa Gonzaga