O estado de Pernambuco fechou sua 13ª semana com disseminação do novo coronavírus (Sars-CoV2) apresentando mais uma queda na média de contágios diários. Foram 773 casos a menos que na primeira semana de junho (queda de 13,3%), chegando à terceira semana consecutiva de redução deste índice. Apesar disso, o Governo do Estado não anunciou datas para as novas fases de reabertura da economia. Como programado desde o dia 1º de junho, nesta segunda-feira (15) teve início a terceira fase de retomada da economia.
Nesta segunda semana de junho, entre os dias 8 e 14, foram diagnosticados 5.019 novos casos em Pernambuco, índice próximo ao que o estado teve no início do mês de maio. Os números, apesar de elevados, representam a terceira semana seguida de queda na curva de novos contágios – que teve seu pico entre 18 e 24 de maio, com 8.307 novos casos. Mesmo com a queda, a semana 8-14 de junho foi também a 5ª pior semana de contágios. Já o número de 550 novas mortes por covid-19 nesta semana representa um crescimento de 52 casos (9,4%) em relação à semana anterior. Esta foi a 3ª pior semana em número de mortes por covid-19 em Pernambuco.
Até domingo (14) o estado detectou um total de 45.261 casos da covid-19, dos quais 3.855 (8,5%) resultaram em morte e 28.770 (63,6%) já estão recuperados, enquanto 12.636 (27,9%) seguem internados ou em observação. Os gráficos do Brasil de Fato Pernambuco são atualizados semanalmente, fechando a semana a cada domingo e levando em consideração o período a partir de 16 de março, a primeira segunda-feira após início do isolamento social. Os primeiros casos em Pernambuco foram diagnosticados quatro dias antes, na quinta-feira (12 de março), um casal de pernambucanos que chegara da Itália.
De acordo com pesquisadores, como o médico e sanitarista Tiago Feitosa, entrevistado pelo Brasil de Fato Pernambuco no último dia 11, os números de cada semana que analisamos são influenciados pelo comportamento da sociedade duas semanas antes, visto que o ciclo do vírus é de em média 14 dias. Neste caso, os índices da semana 8-14 de junho refletem a última semana da quarentena rígida no estado (25-31 de maio). Já a semana que se inicia nesta segunda – 14 dias após o início da reabertura – deve começar a refletir o impacto da retomada das atividades econômicas.
Nesta segunda-feira (15) Pernambuco confirmou mais 246 casos de covid-19, além de 31 novas mortes e 124 recuperados. O estado totaliza 45.507 diagnósticos positivos, sendo 17.246 (37,9%) casos graves e 28.261 (62,1%) casos leves. O número total indica que apenas 0,5% da população do estado (estimada pelo IBGE em 9 milhões 557 mil) foi infectada com a covid-19. Mas como os testes têm sido feitos apenas com quem vai ao hospital, casos com gravidade razoável, ignorando os assintomáticos, é necessário avaliar que há uma grande subnotificação.
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Os pesquisadores estimam que o número real de contágios no Brasil seja entre sete vezes (Universidade Federal de Pelotas) e dez vezes (Abin) o número diagnosticado até agora. Se essa média for aplicada a Pernambuco, teríamos entre 3% e 5% da população que já tiveram contato com o vírus. Mesmo com um percentual tão baixo, o estado já contabiliza 3.886 mortes (que corresponde a 8,5% dos casos confirmados). Outros 28.894 (63,5%) já estão recuperados e possuem o chamado IgG positivo, estando muito provavelmente imunes à doença (apenas 0,3% da população pernambucana). Outros 12.636 seguem infectados (IgM positivo, ainda sem anticorpos), estando internados ou em observação.
Após chegar a um pico de mais de 100 pessoas na fila de espera para unidades de tratamento intensivo (UTI), na última semana o estado conseguiu zerar a fila e nesta segunda a Secretaria de Saúde anunciou que a taxa de ocupação é de 86% nos quase 700 leitos de UTI no estado.
Ampliação dos testes
Em entrevista coletiva na noite de segunda-feira (15) o secretário estadual de Saúde, André Longo, se mostrou confiante na continuidade da redução de casos e disse que os 120 mil testes adquiridos pelo estado na última semana servirão para ampliar o público da testagem para além dos casos hospitalizados e funcionários da saúde. “A partir da próxima segunda-feira (22), começaremos a testar funcionários de supermercados, padarias, farmácias, postos de gasolina, bancos, imprensa, clínicas médicas e veterinárias, da assistência social e que atuam com a população em vulnerabilidade, além de pacientes com cirurgias eletivas e oncológicas agendadas”, disse Longo. Os testes não são para todos que compõem esses grupos, mas apenas para pessoas com sintomas gripais, ainda que leves, o que ele acredita que pode chegar a 100 mil pessoas. Entre os testes adquiridos, 24 mil são kits doados pelo grupo empresarial Unilever.
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É esperado ainda que, até o início de julho, chegue a Pernambuco um equipamento comprado pela secretaria e que poderá realizar mais de 5 mil testes por dia, quadruplicando a capacidade de testagem atual do Laboratório Central de Saúde Pública do estado (Lacen), que faz pouco mais de 10 mil testes por semana. Tão logo chegue a máquina, os atuais equipamentos do Lacen serão distribuídos pelas macrorregiões do estado, acelerando o processo de diagnósticos no interior. “Esperamos ter uma rede muito mais estruturada para enfrentarmos uma segunda onda de contaminação, como vários estudos apontam como possível de acontecer”, disse o secretário de saúde. Longo também afirmou, em tom de crítica, ter observado um número elevado de pessoas em vias públicas sem usar máscara ou usando-a de forma inadequada, expondo-se ao risco e desrespeitando o decreto estadual.
Estamos na terceira fase
Seguindo o calendário de reabertura da economia anunciado no dia 1º de junho, também nesta segunda teve início a 3ª fase da retomada “à nova normalidade”. Voltaram a funcionar o comércio varejista de rua, tanto nos bairros como no centro (mas apenas estabelecimentos pequenos, de até 200 metros quadrados); assim como salões de beleza e estética; e o comércio de vendas, alugueis e vistoria de veículos (com apenas 50% dos funcionários, por enquanto). Também retornaram os treinos de futebol profissional. Mas 85 municípios do interior não entraram nesta terceira fase ainda, pois ainda apresentam tendência de crescimento no número de casos. São 22 municípios da Zona da Mata Sul, 10 municípios da Zona da Mata Norte e 53 da região Agreste. Nestas localidades o comércio de rua e salões de beleza seguem fechados.
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Edição: Vanessa Gonzaga