Os festejos do Arraiá da Reforma Agrária, tão tradicionais para o povo camponês, não terão quadrilha, e muitos, nem fogueira, para evitar aglomerações. Mas o espírito das festividades está vivo na ornamentação de bandeirolas e balões decorativos, no preparo das comidas típicas, em saudação à chegada do inverno e em homenagens aos santos padroeiros.
Embora a tradição de origem pagã exista desde o século XVII na Europa, em celebração da chegada do verão no hemisfério norte, a mesma se consolidou ao longo do tempo, sincretizada com o cristianismo, em comemorações de salvaguarda de santos populares - Santo Antônio, São João e São Pedro - que angariaram fiéis com a chegada dos jesuítas no Brasil. Na reinvenção dessa festança tão popular durante as recomendações de isolamento social, uma série de lives tem ocorrido nas redes sociais do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) com convidados/as, para ninguém ficar parado em casa, com muito arrasta-pé. A próxima será transmitido dia 29 de junho, às 19h nas redes do MST, com participação de artistas de todo o nordeste.
Lembrando que em cada região em nosso país, as festas juninas tomam um caráter singular e multicultural. No Maranhão poderemos acompanhar, também pelas redes sociais do MST, a oficina da dança cacuriá, que faz parte das festividades do Divino Espírito Santo, uma das tradições juninas locais; no nordeste, o festejo junino sempre esteve muito presente e marca momentos repletos de alegria, com a fartura das colheitas, e a garantia de diversão para todas as idades, com muita música, dança, brincadeiras, anedotas e simpatias.
Em acampamentos e assentamentos onde não há conexão de internet, ou faltam dispositivos de acesso à mesma, a mística junina se mantém de forma intimista, vivenciada em família, onde a prioridade tem sido manter os cuidados necessários durante a quarentena, que tem sido muito produtiva - para beneficiamento da população do campo e das cidades.
Além disso, também será compartilhada nas redes do movimento uma série de receitas típicas que tomam nossas mesas nesse período, enviadas de todas as partes do nordeste com os produtos da Reforma Agrária, aproveitando a colheita do milho, que já está sendo posta em bolo, pipoca, curau, pamonha, entre outros quitutes deliciosos pra abastecer nossos corpos e aquecer nossos corações neste inverno.
*Matéria produzida pelo Coletivo de Comunicação do MST Pernambuco
Edição: Vanessa Gonzaga