Pernambuco

PANDEMIA

Projetos de Extensão Universitária aproximam estudantes da realidade das periferias

Na UFPE, dois projetos de extensão tem desenvolvido ações educativas e de solidariedade na Região Metropolitana do Recif

Brasil de Fato | Recife (PE) |
O programa teve início em junho com a coleta de dados e agora vivencia a sua segunda etapa com a pesquisa de campo - Mãos Solidárias

Desde o início da pandemia da Covid-19, universidades em todo o país vem desenvolvendo pesquisas, estudos, enasaios e uma série de iniciativas que ligam o mundo acadêmico ao ao contexto de crise sanitária do país. Em Pernambuco, estudantes voluntários e bolsistas do Programa de Extensão “Mãos Solidárias na Comunidade: a Universidade na  promoção de direitos no contexto da pandemia e pós pandemia” da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) vem trabalhando a fim de auxiliar outros estudantes que vivem em situação de vulnerabilidade no enfrentamento dos efeitos das crises sanitária, econômica e social que foram agravadas pela atual pandemia. O programa teve início em junho com a coleta de dados e agora vivencia a sua segunda etapa com a pesquisa de campo e a atuação dos Agentes Populares de Saúde nas comunidades.

Atualmente o programa se divide em dois projetos: o "‘Mãos Solidárias’ e 'Periferia Viva' – a Universidade no enfrentamento à Covid-19 e em defesa da vida do povo", voltado para desenvolvimento de pesquisa nos territórios, comunicação e elaboração de materiais de ampla divulgação, que é coordenado por Evelyne Medeiros, professora do departamento de Serviço Social; e o “Mãos Solidárias na Comunidade” com o “Curso de Formação de Agentes Populares de Saúde: ajudando minha comunidade no enfrentamento da pandemia de COVID-19", voltado para a formação e o acompanhamento de turmas de Agentes Populares de Saúde nos território e coordenado por Ana Wladia, professora do departamento de Enfermagem. Esses projetos contam com o trabalho de estudantes que trabalham voluntariamente ou como bolsistas para a realização do programa.

A estudante de licenciatura em Letras, Victória Guilherme participa da coordenação acadêmica que acompanha a ação dos Agentes Populares de Saúde e também irá auxiliar na emissão dos seus certificados com a quantificação das horas trabalhadas. “Os resultados do programa de extensão são extremamente esperançosos, por que as pessoas querem ajudar, querem contribuir para que possamos sair dessa batalha contra o coronavírus vitoriosos e querem ver sua rua protegida, seu bairro protegido”, disse Victória, que acredita que a solidariedade é o caminho para superar esse momento de dificuldade "é só com o companheirismo mesmo, na camaradagem, no cuidado de olhar para as pessoas e se sentir responsável socialmente por elas que a gente vai construir o mundo novo que a gente sonha e transformar a nossa realidade".

Com esse trabalho, a estudante e todos os envolvidos percebem a importância do papel da universidade na garantia da sobrevivência da população através da difusão de informações e das ações e projetos como esse que ajudam a salvar vidas. "A tarefa principal da universidade neste momento,l de todas as organizações e de todas as pessoas é garantir a vida. A gente tá aí nesse processo de abertura do isolamento social para que alguns setores não entrem em colapso total, mas toda essa caminhada precisa ser feita com muito respeito à vida", afirmou Victória, que destaca que "quando a universidade abraça o Mãos Solidárias, mais uma vez ela se mostra disponível para salvar vidas e para que possamos retomar as nossas atividades”.

Já o curso de formação de Agentes Populares de Saúde atua na visita às comunidades para dar orientações básicas de saúde e de combate ao Covid-19. É neste projeto que atua a estudante de Engenharia Civil da UFPE, Débora Reis, que está atuando no Morro da Conceição, na zona norte do Recife. “Foi um espaço de muito aprendizado coletivo, reafirmando a importância da coletividade, que tem que ser um cuidado meu e dos meus vizinhos. Não adianta eu cuidar aqui do meu quintal, se os meus vizinhos não estão cuidando dos deles. A gente focou também na questão da dengue e das arboviroses, porque aqui no Morro a gente já tem um foco de dengue”, falou Débora.

Os Agentes Populares de Saúde também vem realizando diversas ações para promover a conscientização das pessoas, com oficinas práticas para mostrar de uma forma lúdica como acontece o contágio do Covid-19, para assim demonstrar a importância da prevenção mesmo com poucos recursos disponíveis. "A gente realizou algumas oficinas com colorau, de como pode ser transmitido o coronavírus; como lavar as mãos, como lavar as roupas, como higienizar os alimentos. Porque nem todo mundo vai ter álcool em gel e nem água a todo momento na sua torneira, porque aqui a gente tem um problema de abastecimento de água", enumerou Débora, que completa "também fizemos algumas visitas pontuais com os Agentes Comunitários de Saúde em algumas casas para dialogar com o povo e saber como eles estavam, se tinha alguém com alguns sintomas ou com alguma outra doença".

A estudante do bacharelado em Geografia da UFPE, Gabrielly Gregório participou da elaboração do questionário que foi utilizado na primeira etapa e agora está realizando a coleta de dados para a realização da cartografia social, que é a elaboração de mapas ou mapeamento dos territórios que expressam a realidade de uma população através da visão geográfica. “O projeto de extensão evidencia a temática da desigualdade social, de como isso fica bem mais latente em um cenário de pandemia e de como podemos ajudar as pessoas que são mais necessitadas”, afirmou a Gabrielly, que percebe como o projeto contribui não só no aspecto da solidariedade, mas transforma olhar do estudante que atua como pesquisador. “No cenário de pandemia, é notório que as universidades têm buscado uma forma de inserir a pesquisa sem aquele robótico modo de apenas escrever sobre o tema, mas de dar um retorno mais claro para a sociedade, de vivenciar aquilo”, disse. Quem quisar saber mais sobre os projetos pode acessar o site do Mãos Solidárias ou da UFPE.

 

Edição: Vanessa Gonzaga