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Ciência Popular | Como tornar a ciência acessível?

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Apesar de tantos avanços da ciência podemos ver que não houve uma apropriação das tantas descobertas por parte da opinião pública - Agência Brasil
É preciso transmitir o conceito na linguagem do povo e derrubar os muros acadêmicos

O dia de hoje marca o início das atividades da coluna Ciência Popular junto ao Brasil de Fato Pernambuco. A partir de hoje estaremos juntos todas as quintas para conversar sobre ciência de um modo diferente.  Eu sou Helinando Oliveira, professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco, amante da nanotecnologia e da divulgação científica. 

A tentativa de colocar a ciência básica e aplicada, aquela que está sendo tocada nos laboratórios das universidades e das empresas em condição de igualdade com a divulgação científica é uma questão de fundamental importância para toda a sociedade. Não apenas pela prestação de contas, afinal, a população financia majoritariamente a pesquisa em todo o mundo, mas principalmente pela necessidade de alimentar o sentimento de pertencimento da sociedade com suas descobertas – pela clareza que elas devem representar, como expresso na fala de Leonardo da Vinci: “A ciência mais útil é aquela cujo fruto é o mais comunicável”. 

Em particular, nestes tempos de anticiência, todo este processo é ainda mais crítico. Em pesquisa recente divulgada na internet foi constatado que o Brasil está entre os três países mais desinformados entre todos os avaliados. Na pesquisa, 18% da população acredita que será cloroquina a solução da covid-19 enquanto que outros 7% atribuem a solução ao alho. Se considerarmos que o alho figurava como solução da gripe espanhola de 100 atrás, passaremos a entender o quanto de divulgação científica se faz necessária em nosso país.  Apesar de tantos avanços da ciência e a possibilidade iminente de uma vacina nos próximos meses, podemos ver que não houve uma apropriação das tantas descobertas por parte da opinião pública.

A estratégia para contornar o grande caos levantado pelas fake news é investir em uma divulgação científica acessível e interessante. É preciso transmitir o conceito na linguagem do povo e derrubar os muros acadêmicos que separam o espaço das conferências daqueles espaços populares como as feiras livres e as praças públicas. Uma ciência sem os jargões cômodos da academia e que mostre que a atividade financiada pelo povo é feita para o povo: uma ciência popular. Sejam todos bem vindos e bem vindas.

Edição: Vanessa Gonzaga