A pandemia agravou ainda mais a condição econômica das famílias pernambucanas. É o que aponta o índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) Pernambucanas, um indicador utilizado para medir a avaliação que os consumidores em Pernambuco fazem sobre aspectos como a sua capacidade de consumo, atual e de curto prazo, nível de renda doméstico, segurança no emprego e qualidade de consumo, presente e futuro. A pesquisa é feita pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio - PE)
O indicador voltou a cair em julho, atingindo os 54,7 pontos, ante 59,1 de junho de 2020 e 77,3 do mesmo período do ano anterior. A queda é o pior resultado desde o início da realização da pesquisa, em janeiro de 2010. A intenção de consumo continua na zona de avaliação negativa, abaixo dos 100 pontos, e esta condição vem desde agosto de 2015. O tempo na zona negativa indica que as famílias ainda não haviam se recuperado da crise econômica que iniciou em 2015, quando milhares de estabelecimentos foram fechados e empregados demitidos.
Nessa conjuntura de desemprego e retrocesso nos direitos trabalhistas, o mercado de trabalho deteriorado continua atuando para uma limitação na renda das famílias. Além disso, o endividamento elevado e o crédito ainda caro também desincentivam um nível de consumo mais forte, essa condição já difícil foi somada ao cenário crítico criado pela pandemia da covid-19 no Estado de Pernambuco, visto que os últimos meses foram de paralisação de parte do setor produtivo, demissões em massa.
A queda do indicador continua confirmando a atual situação crítica pela qual passa o consumo no estado de Pernambuco, onde grande parte das famílias continuam com elevada restrição em sua renda, seja pela queda no faturamento dos negócios, com o fechamento das atividades não essenciais, do lado das empresas ou com a redução de jornada de trabalho e demissões do lado das famílias.
Vale destacar que mesmo com a injeção significativa do auxílio emergencial do Governo Federal no Estado de Pernambuco, que alcançou os R$ 2,2 bilhões de reais e segurou o consumo das famílias em itens essenciais como os de alimentação no segmento de hipermercados, não foi suficiente para manter um nível de consumo alto o suficiente para retomar a confiança local em relação às compras.
Quando se analisa por classe de renda, tanto os que possuem renda abaixo como acima de 10 salários, continuam mostrando queda no nível de consumo. Os de menor rendimento continuam com 52,8 pontos, refletindo as dificuldades com o mercado de trabalho e a população que possui um maior patamar de renda, encerrou o mês com 74,9 pontos.
As maiores quedas no comparativo mensal se encontram com as avaliações das famílias pernambucanas em relação à “Perspectiva de consumo”, que apresentaram variação negativa mensal de -11,3%. Este recuo reflete que a família espera a continuidade de uma conjuntura difícil em relação a obtenção ode renda ainda para os próximos meses, dando manutenção ao movimento de consumo mais conservador adquirido na pandemia.
Para o mês de agosto se espera uma intenção de consumo com movimento de estabilidade ou de leve alta com a reabertura do comércio nas cidades de médio porte no estado, além das compras do dia dos pais, data considerada importante para o comércio, que tem um apelo grande e que consegue aquecer o consumo.
Edição: Vanessa Gonzaga