Com a pandemia, as produções de filmes, séries e publicidades pararam sem prazo para retorno, por envolver um grande número de profissionais na frente e principalmente por trás das câmeras. Ao perceber das dificuldades financeiras dentro dos profissionais do meio, integrantes do grupo “Produção – Resistência Pernambuco” decidiram buscar formas de ajudar seus colegas de trabalho a não passar por necessidades durante a pandemia e criaram a Rede de Apoio ao Audiovisual Pernambucano.
Já existia um um grupo voltado para profissionais do audiovisual no intuito de compartilhar contatos de trabalho e indicações, que se tornou uma rede de solidariedade. “No final de abril, começamos uma conversa sobre como as pessoas da nossa área estariam passando a pandemia e começamos nesse movimento de entrar em contato com diversas pessoas para saber. Então percebemos que muitas pessoas estavam passando necessidade, algumas pela falta de trabalho e outras por não terem conseguido o auxílio emergencial”, afirmou o produtor de elenco Marcos Castro, um dos organizadores desta iniciativa e que trabalha na área há 17 anos.
Estão participando desse movimento diversos profissionais de todos os departamentos do audiovisual que atuam em diversas frentes, como a da divulgação, de doações e no contato com os profissionais que estão precisando de ajuda. A iniciativa vem de uma necessidade de auto organização da categoria que viu suas principais fontes de renda e programas de financiamentos serem suspensos neste período.
"A grande importância da gente estar se juntando, divulgando e fazendo acontecer essa rede de apoio ao audiovisual neste momento é que a gente tem que entender que seja cinema, seja curta, seja série, todo o material que a gente consome são feitos por profissionais, e que algumas delas são pessoas que não puderam trazer comida para casa ou pagar uma conta de luz", afirmou a produtora Joana Claude.
A partir da análise das necessidades das pessoas, eles estabeleceram a doação de R$300,00 por mês para os profissionais enquanto durar a necessidade de isolamento social, a partir do cálculo das necessidades de aluguel, medicamentos e alimentação. “Quando chega o final do mês, a gente começa a ligar, saber como está, falar com todas as pessoas. Porque algumas que já receberam já não estão em uma situação tão complicada ou já conseguiram trabalho, então a gente já ajuda uma outra pessoa”, afirmou o produtor, que completa “A nossa meta é continuar até quando o nosso mercado voltar e essas pessoas vão poder voltar a trabalhar”.
Até o momento já foram feitas 138 doações para camareiras, motoristas, costureiras, maquinistas, produtores, diretores e estudantes de cinema de Recife ao Sertão do Pajeú. "Através desse movimento a gente consegue atender essas pessoas que quando está num período normal a gente conta com elas, que estão aí fortalecendo esse movimento coletivo que é o cinema, seja eletricista, cozinheira, diaristas, que sem elas a gente não conseguiria fazer audiovisual", afirmou Joana.
“Quanto à retomada do trabalho, a gente não sabe enquanto não tiver vacina, porque um ‘set’ de filmagem tem muita gente, ele é uma aglomeração, não tem como não ser. E o custo para fazer protocolo para uma filmagem acontecer é muito alto para os orçamentos que a gente trabalha”, afirmou Marcos, que vê a importância do controle da doença para o retorno das produções audiovisuais, “Ou tem vacina ou algum tipo de controle do vírus ou a gente acha que esse ano não vamos conseguir dar continuidade a projetos que estavam parados”.
Uma das formas que o grupo conseguiu para angariar fundos é a realização de um sorteio de uma hospedagem para suas pessoas na Praia dos Carneiros, no litoral Sul do estado, que receberam como doação de uma pousada. “Cinema não é um trabalho feito de um, mas feito de todos e a gente precisa fazer isso valer agora”, afirmou Joana. Quem quiser contribuir, pode fazer doações pela vaquinha online (vaka.me/1035098), além de depósito ou transferência bancária para a conta:
Nubank - Banco 260
Agência 0001
Conta 6689480-8
CPF: 095.697.344-26
Henrique Lapa - (81) 9 9540-7621
Edição: Vanessa Gonzaga