A vice-presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Elida Elena, foi a convidada da última edição do Programa Aqui Pra Nós que trouxe o tema da luta em defesa da educação. O programa Aqui pra Nós acontece todas as terças, a partir das 19:30h, no canal do YouTube do Brasil de Fato Pernambuco. Confira os principais pontos da conversa:
UNE
“A bandeira da educação é uma parte desse processo de transformações profundas que o nosso país precisa. Então carregar essa luta é um legado importante que a UNE construiu nesses anos”, esta semana a União Nacional dos Estudantes completou 83 anos. Elida ressalta a amplitude e histórico da entidade “é fundamental para nós reforçar a nossa organização, a capacidade de diálogo e mobilização na defesa dos nossos direitos e olhar para nossa história e ver que não é de hoje que estamos na defesa dos nossos direitos” acrescenta.
Ainda no início da pandemia no Brasil, a UNE construiu o Plano Emergencial para a Educação, com diretrizes para orientar as entidades estudantis a construir soluções para as questões que surgiram “não há nenhuma resposta do governo, nem para crise sanitária, nem para a educação. Nesse sentido, a gente construiu um plano de emergência pensando nos estudantes que não podiam voltar pra casa, na estrutura dos Restaurantes Universitários, por exemplo”.
Ela também explicou que o prolongamento do período de pandemia no Brasil fez com que a entidade atualizasse o plano, se adequando a esse momento de aprofundamento da crise sanitária “a gente fez uma atualização desses desafios porque não vamos sair dessa tão cedo e não podemos contar com o MEC e nem o Governo Federal. Então o plano traz uma série de elementos para subsidiar o debate do movimento estudantil em torno dessas questões”.
Aulas remotas e evasão escolar
Elida explica que a questão da aulas remotas é complexa e carrega uma série de contradições, mas que podem se tornar uma saída provisória “o que temos falado é que as aulas remotas são uma mediação para esse momento, porque agora a gente não tem nenhuma previsão para retorno das aulas presenciais”.
Ela também ressalta que a pressão por aulas presenciais vem crescendo “nós somos contra as aulas presenciais, ainda mais agora com a pressão de setores empresariais privados, mas a gente sabe que ainda não é o momento adequado. Existe um a pretensão do MEC em privilegiar o setor privado. A gente quer que se conforme um Grupo de Trabalho para refletir sobre essa possibilidade de aulas online, mas garantir que nenhum estudante fique pra trás. É uma questão que as universidades e governos precisam dar respostas”.
Ao mesmo tempo, ela ressalta o alto índice de evasão neste período, que pode estar ligado a falta de condições para manter o pagamento de mensalidades em instituições privadas “265 mil estudantes abandonaram os cursos nas universidades privadas. Temos encampado a luta pela diminuição das mensalidades para que a juventude da classe trabalhadora continue estudando e tenha acesso ao conhecimento, mesmo com as contradições que o ensino privado carrega” explica.
Crise e cortes na educação
Mesmo com os ataques, a vice-presidenta da UNE aponta que as universidades são capazes de construir saídas para a crise “Nossa expectativa é que a universidade ajude a colocar novamente o Brasil num processo de desenvolvimento e elas tem condições de produzir resposta nesse estímulo. Por isso os setores da educação precisam se mobilizar pelo Fora Bolsonaro, porque enquanto ele se manter lá nós não vamos conseguir construir um projeto popular para a educação”.
“Para o MEC, quanto menos crítica for a educação, melhor. A universidade é troca, é socialização, não é só a sala de aula, porque ela é inclusive um espaço de mobilização social” explica. Ela também reforça o papel das instituições contra a covid-19 “as universidades fazem mais pelo combate à pandemia do que o presidente. Mesmo com uma capacidade financeira reduzida, ataques ideológicos, são elas que estão tentando construir respostas para esse momento. Tem um envolvimento do conjunto da universidade para exercer sua função social e resolver os problemas do povo, que é quem mantém as universidades de pé”.
A estudante também reforçou o papel da ciência neste momento “isso é importante para pensar o quanto é fundamental ter universidades, investir nas pesquisas, porque sem ciência não tem cura para essa doença que tem interrompido tantas vidas e tantos sonhos. Enquanto ele [Bolsonaro] faz tudo que não é pra fazer, as universidades estão trabalhando duro para fazer o necessário para salvar vidas” conclui.
Edição: Monyse Ravena