Nossas autoridades precisam investir em ciência para depois não ter de comprar a solução dos outros
A afirmação do secretário nacional de Vigilância em Saúde, Arnaldo Correa de Medeiros de que o Brasil deve comprar a “primeira vacina que chegar ao mercado” é o ponto de partida para a coluna Ciência Popular de hoje. É a partir desta declaração que mostraremos a importância da ciência para o Brasil.
Esta breve história parte de nossos ancestrais recebendo espelhos em troca de pau-brasil e desembarca nos dias atuais em meio a uma pandemia, encontrando um país que ainda oferece a preço de banana os poços de petróleo e água para outras nações.
É importante ressaltar que há diferença entre os cenários, uma vez que a ciência brasileira evoluiu enormemente neste último século, embora ainda dependa excessivamente de políticas de governo quando políticas de estado que deveriam conduzir estas ações.
Desde a revolução industrial ficou claro que os países que detém a tecnologia e o conhecimento controlam o planeta. São eles que produzem notebooks, carros, eletrodomésticos, vacinas... Aos dominados resta oferecer sua mão de obra e seus recursos naturais.
O Brasil precisa investir de forma contínua e sustentada na ciência a exemplo do que fizeram Coréia do Sul, Japão e China. O investimento em longo prazo resulta em melhores condições de vida para todo povo. E esta é a única forma de sair da condição de fornecedor de mão de obra barata para o status de criador de novas tecnologias. Assim, sairíamos desta condição de comprador de vacinas em um mercado totalmente desigual. Vale lembrar que a busca pela vacina é mundial e que concorreremos com nações de muito maior potencial financeiro.
Precisamos acreditar mais na capacidade de nossos pesquisadores e de nossos laboratórios. São eles que neste momento batalham pela nossa vacina. Nossas autoridades precisam investir em ciência para depois não ter de comprar a solução dos outros. Sabemos que o processo de fomento a pesquisa dá retorno certo a médio e longo prazo. O Brasil foi capaz de viver as iniciativas que renderam a criação do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) , Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e tantos outros sonhos que foram convertidos em realidade.
E este mesmo Brasil precisa evitar a fuga de seus cérebros e acreditar no potencial humano espetacular que dispõe para fazer a sua ciência. Não somos o quintal do mundo. Podemos ser independentes. Basta querer.
Edição: Vanessa Gonzaga