Em todo o estado, a campanha Mãos Solidárias vem atuando em diversas frentes de atuação nas áreas de saúde, alimentação e direitos. Agora, a campanha está impulsionando a criação e manutenção de hortas comunitárias no estado de Pernambuco, começando em Olinda e em Petrolina. A iniciativa é uma forma de incentivar o cultivo de alimentos saudáveis e plantas medicinais como ferramenta para fortalecer a saúde da população neste cenário de pandemia.
Em Petrolina, a ação irá atuar na Horta Comunitária no bairro João de Deus e na horta das Unidades Básicas de Saúde no Bairro Pedra Linda e no no desenvolvimento em uma horta no Bairro Cacheado. Uma das instituições que vai contribuir com a ação é o Instituto Federal do Sertão de Pernambuco (IF Sertão PE), que já estava colaborando em alguns módulos da formação dos Agentes Populares de Saúde, tratando do papel de medicamentos fitoterápicos e de alimentação saudável no enfrentamento à Covid-19. Assim, a criação das hortas se associa ao conteúdo desta formação.
“Os Agentes Populares de Saúde tem um papel fundamental nesse processo, que é de serem multiplicadores e de ser aquele que vai ter um olhar mais voltado para a comunidade e onde as pessoas estão mais fragilizadas em relação à saúde e em orientar o uso correto, porque mesmo a planta medicinal não pode ser usada de forma indiscriminada”, disse Jucy Carvalho, educadora popular e colaboradora da campanha Mãos Solidárias.
Vitor Lorenzo, professor de Bioquímica e Pro-Reitor de Extensão do IF Sertão PE, reforça a importância da relação entre as instituições de ensino e pesquisa e a sociedade “Neste contexto de pandemia, as instituições federais tem um papel crucial para auxiliar a comunidade que estão em situação de vulnerabilidade, então entendendo nosso papel enquanto educadores diante da sociedade brasileira de maneira geral, a gente percebeu que era necessária tomar alguma medida e um dos caminhos que a gente utilizou para atingir essas pessoas foi através da parceria com o Mãos Solidárias”, afirma.
Pensando além da atividade acadêmcia, ele vê as hortas também como uma forma de gerar renda na comunidade “Além de trazer um benefício para a própria alimentação e consequentemente para a saúde da população daquela região, pode servir também como uma ferramenta de geração de renda para modificar a realidade para os moradores daquela comunidade”. Para fazer o assessoramento dessas hortas, o instituto deu início a um Projeto de Extensão para que professores e estudantes dos cursos de Agronomia e de Agropecuária colaborem com a manutenção dessas hortas junto aos moradores.
Já em Olinda, a Horta Popular Agroecológica Dandara, no Nascedouro de Peixinhos, foi implantada a partir de um desejo da Biblioteca Multicultural Nascedouro junto às Agentes Populares de Saúde. Com isso, diversas organizações se reuniram para realizar a limpeza e capinagem da área ao lado da biblioteca através de um mutirão no último dia 18. O os próximos mutirões acontecerão em 28 de agosto e 1º de setembro.
“A ideia da biblioteca é fazer um link da leitura e da literatura com a produção de alimentos orgânicos, então é uma experiência que está sendo muito importante para a gente”, afirmou Rogério Bezerra, educador popular, membro da coordenação da Biblioteca e articulador da Rede de Bibliotecas Comunitárias da Região Metropolitana do Recife (Releitura), que acredita que “A biblioteca vem fazendo esse trabalho na comunidade trabalhando com a leitura, mas também a questão da educação, da informação e dos direitos da população”.
Para trazer a experiência com hortas comunitárias e colaborar na construção de hortas solidárias na assessoria técnica, o Centro de Desenvolvimento Agroecológico Sabiá é uma das organizações que vem participando da campanha . “Essa proposta das hortas vem se somar e vem reforçar ainda mais essa perspectiva do Mãos Solidárias que é de organização do povo na periferia, que vem lidando de forma mais direta com a negligência do governo que a gente vive aqui no Brasil. Essa horta e a agricultura urbana vem se somar neste momento na perspectiva de fortalecer a organização das comunidades, de reforçar o caráter da solidariedade, de empoderamento do povo, que mesmo no ambiente da cidade está produzindo um alimento sem veneno”, explicou Aniérica Almeida, assessora para Agricultura Urbana do Centro.
As ações são parte de uma iniciativa da campanha Mãos solidárias com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadores por Direitos (MTD), a Marcha Mundial das Mulheres (MMM), o Centro Tecnológico da Cultura Digital Nascedouro de Peixinhos, a Biblioteca Multicultural Nascedouro, o Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM) e diversas outras organizações.
Edição: Vanessa Gonzaga