Pernambuco

EDUCAÇÃO

Semana Mundial da Alfabetização é marcada pelos desafios do ensino remoto

Professores, pais e mães estão trabalhando de forma conjunta pela alfabetização e pela educação infantil

Brasil de Fato | Recife, PE |

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Professores, mães e pais tem participado ativamente do desafio de ajudar as crianças no aprendizado - Banco de Imagens

O ano de 2020 está sendo um período incomum para a educação como um todo e principalmente para quem está aprendendo a ler e a escrever. Instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), no dia oito de setembro é celebrado o dia Mundial da Alfabetização, o que faz desta a Semana Mundial da Alfabetização. O processo de alfabetização é quando crianças, jovens e adultos desenvolvem a habilidade de ler e escrever, entrando no mundo das palavras escritas e abrem as portas para o estudo de disciplinas como português, matemática, história, física, geografia, química e biologia.

“A gente consegue presencialmente fazer um trabalho com um resultado bem positivo, mas, no momento da pandemia e com o ensino remoto, como é uma novidade tanto para os professores quanto para as crianças”, Alzeny Vasconcelos, professora de educação infantil da Rede Pública do Município do Recife, que ressalta “como na rede pública o acesso dos estudantes é mais complicado, é mais difícil, é menos possível, a gente está tendo uma grande dificuldade para constatar ou comprovar os resultados de uma alfabetização”.

Contudo, os pais e mães sentem dificuldade no acompanhamento das crianças em casa, uma vez que a didática dos professores é diferente da forma que os pais ensinam em casa, o que pode gerar resistência. “A alfabetização não é só o conhecimento em si, mas é ela se apropriar diante daquilo, para ela é libertador.  É descoberta, é conhecimento, é se apropriar daquilo que ela está aprendendo”, afirmou a psicóloga Íris Malta, mãe de Sofia, nove anos, que teve algumas dificuldades quando teve que acompanhar a sua filha nas atividades escolares.  “É interessante porque a criança não sente tanta confiança nos pais do que com o próprio professor,  fica muito certo na cabeça dela o processo que o professor cria para o aprendizado e não o nosso processo, como se o nosso estivesse errado”.

Para a professora, essa participação dos pais é essencial para o desenvolvimento das crianças, uma vez que esse estímulo auxilia inclusive no trabalho na escola. “Independente desse momento de pandemia, eu entendo e acredito que a participação da família, dos pais, das pessoas que cuidam, é indispensável para o êxito dessa aprendizagem, a escola não consegue fazer magia, a professora não consegue fazer um trabalho se não tiver esse apoio”, afirmou Alzeny.

Em Pernambuco, ainda não existe previsão para a retomada das atividades presenciais do ensino básico, o que inclui as crianças em idade de alfabetização. Segundo o decreto 48.810 do Governo do Estado, essas atividades estão suspensas até o dia 15 de setembro, quando o decreto pode ser prorrogado ou ser dada um previsão para o retorno. O governo mantém as aulas presenciais do ensino básico suspensas desde o dia 16 de março de 2020, mas autorizou a retomada gradual das atividades presenciais do ensino superior a partir do último dia 08.

“Criança é muito expansiva e calorosa quando encontra os amiguinhos, não tem como você bloquear uma criança de fazer isso. Criança vai perder máscara, isso a gente vê até com material escolar, imagina com máscara”, afirmou Íris que não permitiria o retorno da filha às atividades presenciais ainda este ano. “Se houver essa possibilidade de retornar às aulas ainda este ano, eu não permito, a gente precisa sentir segurança. A gente sabe que esse vírus existe, mas a gente não sabe como o vírus vai reagir a cada pessoa. Eu posso ficar bem, mas Sofia pode ser internada, a gente não tem como presumir”, concluiu.

Alzeny acredita que para a educação infantil a escola é, principalmente, um lugar para a sociabilização e que o afeto é uma peça chave para o ensino. “A gente está tentando, através das aulas online, conversar e sugerir, como se estivéssemos nas aulas presenciais, mas o fato da convivência social entre os estudantes estimula a participação deles”, disse a professora, que completa “a afetividade também é um instrumento de alfabetização, de desenvolvimento escolar. Então, a relação afetiva, entre os coleguinhas, entre os professores e as crianças, e ela se desenha com o contato físico, que acontece através de um abraço”.
 

Edição: Monyse Ravena