Nos últimos anos têm crescido a mobilização e as campanhas para que o eleitorado vote em candidaturas que representem populações historicamente excluídas do poder institucional no país. As mulheres e a população negra são exemplos de grupos populacionais majoritários, mas que têm baixa representação na política institucional. De acordo com o IBGE, 55% dos brasileiros se declaravam negros (pretos e pardos), mesma proporção de mulheres (51,5%). Mas na Câmara Federal, apenas 15% das cadeiras são ocupadas por mulheres e 24,3% são ocupadas por negros.
O Brasil tem mais de 50 milhões de mulheres negras. Apesar de serem mais de 25% da população, elas ocupam apenas 13 (ou 2,5%) das 513 cadeiras na Câmara Federal. Entre os 25 deputados federais pernambucanos, apenas uma é mulher, Marília Arraes (PT), que é branca. Entre os 49 deputados estaduais, apenas 10 (ou 20,4%) são mulheres. Destas, apenas uma (ou 2% do total) se autodeclara negra: o mandato coletivo Juntas (PSOL). Na Câmara do Recife, entre os 39 vereadores, apenas 6 são mulheres (15,4%) e, entre estas, só uma se autodeclara negra (2,6% do total de vereadores).
Os números apontam a enorme desigualdade entre o quantitativo de negras na sociedade e sua representação nos espaços de tomada de decisão. Este é o principal motivo da campanha #EuVotoEmNegra, lançada no mês de julho. Conheça perfis de quatro pré-candidaturas negras que devem disputar as cadeiras da Câmara de vereadores do Recife este ano.
Suzineide Rodrigues (PT)
Nascida em Brasília Teimosa, Suzineide morou nos bairros de Dois Carneiros, Ibura e hoje vive no Barro. Começou na militância no início da vida adulta, através das pastorais da igreja católica. Cursou Ciências Sociais (Unicap) e fez mestrado em Sociologia (UFPE). Trabalhadora em bancos privados, em 2015 foi eleita presidente do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, liderou a categoria na grande greve contra a Reforma Trabalhista (2016), o que motivou um pedido de prisão por parte da OAB-PE, rejeitado pela Justiça. Suzineide coloca como pautas principais a luta contra as violências e por equidade de gênero e raça, além da geração de emprego e renda com valorização do trabalho.
Pretas Juntas (PSOL)
Candidatura coletiva de Elaine Cristina Silva e Débora Aguiar, duas mulheres negras, mães e que lutam pela descriminalização da maconha. Elaine integra o grupo “Mães Independentes”, composto por mulheres que conquistaram na justiça o direito ao plantio de cannabis para tratar seus filhos. Enquanto Débora, filha de pai assassinado pela polícia em alegadas circunstâncias que não a convencem, milita em defesa da juventude negra, contra o aprisionamento de jovens periféricos e integra a Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas (RENFA), grupo que luta pela descriminalização da maconha. Elas propõem um mandato popular, feminista e antirracista.
Camila Barros (PSB)
Filha de educadora, Camila Barros começou a militância em causas ambientais. Filiou-se ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), militando na juventude do partido e pautando a construção e efetivação de políticas públicas para a juventude no Recife. Ela passou a integrar a Secretaria de Juventude (Sejuv) ainda na primeira gestão de Geraldo Julio (PSB) da Prefeitura do Recife, assumindo a titularidade da secretaria em 2016. Camila garante que na Câmara seguirá lutando por um Recife com menos desigualdades, mais oportunidades e que dê concretude a um projeto político democrático e socialista.
Edna Costa (PCdoB)
Professora da educação básica na rede pública do Recife, Edna Costa teve militância ligada à educação e às lutas das mulheres, tendo presidido entidades feministas no estado. Foi vereadora do Recife por três mandatos (1985-1996) ainda pelo MDB. Durante anos militou no Partido Pátria Livre (PPL), pelo qual chegou a ser candidata a prefeita do Recife em 2012. O PPL recentemente se fundiu ao PCdoB, sigla pela qual se candidata agora.
Edição: Monyse Ravena