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COMUNIDADE

Movimentos populares se articulam para garantir reforma da casa de líder comunitária

Com chuvas e falta de saneamento básico, Berenice da Silva pode de perder todos os seus móveis e sua casa em Olinda

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Durante a pandemia, Beré tem feito máscaras e jalecos para campanhas solidárias como o Mãos Solidárias e Periferia Viva - PH Reinaux

Há 60 anos, Berenice Alves da Silva, conhecida popularmente como “Beré”, de 72 anos, vive em Peixinhos, bairro de Olinda. Costureira desde muito jovem, Beré tem uma larga caminhada de participação em diversos movimentos solidários da comunidade em que vive. Sempre costurou e, desde 2017, também faz os figurinos dos blocos carnavalescos da Nação Mulambo, sendo inclusive homenageada no bloco do carnaval deste ano. 

Desde 2018, Beré também faz parte da Marcha Mundial das Mulheres e diz gostar bastante de estar envolvida nos projetos e atividades da comunidade. “Eu acho muito bom, porque a gente tem que ir à luta se quisermos conseguir alguma coisa, porque está difícil. O meu desejo é que tudo melhore, e o que eu puder fazer estarei fazendo, eu vou ajudar”, comenta dona Beré, que recentemente, com a pandemia, tem feito máscaras e jalecos para campanhas solidárias como o Mãos Solidárias e Periferia Viva, projetos que têm sido essenciais para o enfrentamento da pandemia da covid-19 nas comunidades. 

Atualmente, Beré vive com uma filha e recebe o benefício do INSS, mas explica que o valor é insuficiente para todas as necessidades. Com as últimas chuvas e a falta de saneamento básico no bairro em que vive, Beré tem visto sua moradia e seus móveis serem postos em risco, dificultando que ela siga com o seu trabalho e viva com dignidade. A casa precisa de melhorias na estrutura hidráulica e elétrica, além de paredes livres de infiltrações e um pavimento adequado. “A casa está precisando de muita reforma, por agora só está boa porque as meninas estão se juntando e me ajudando”, explica Beré, se referindo às amigas da comunidade, que compraram materiais para fazer reparos mais urgentes. 

Para ajudar neste momento quem sempre ajudou a comunidade, os movimentos populares se reuniram para garantir a reforma da sua casa. Foi feita uma vaquinha online que busca arrecadar R$ 10 mil, sendo R$ 4 mil destinados para a compra de materiais urgentes e R$ 6 mil para o pagamento da mão de obra da construção. Para ajudar a bater a primeira meta, que corresponde aos materiais urgentes, uma doação pode ser feita através de um financiamento coletivo. O pagamento da doação pode ser parcelado em até seis vezes. 

Luiza Mattos, militante da Marcha Mundial das Mulheres, sonha com o dia em que Beré terá um espaço organizado para realizar seu trabalho com costura e para que possa descansar tranquila. “Fazer uma doação para a reforma da casa de Beré significa devolver um milésimo da força e da inspiração pra essa companheira que nos doa tanto. Significa demonstrar respeito por todas as mulheres que estão representadas pela figura dela, uma mulher negra, periférica, que carrega o mundo nos braços - não nos ombros, porque faz isso com afeto e cuidado", compartilha. 

Estão à frente da campanha para a reforma da casa de Beré, o Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD), a Marcha Mundial de Mulheres, Consulta Popular, Nação Mulambo, o Grupo de Saúde Condor e Cabo Gato, a Campanha Mãos Solidárias e o Projeto Periferia Viva. 

Edição: Vanessa Gonzaga