Fazer da divulgação científica uma ferramenta democrática de trazer acesso ao conhecimento
Há um erro conceitual gravíssimo em fazer a separação entre o povo e a Academia, as Universidades e os Centros de Pesquisa. Outro erro ainda maior vem do papel colonizador que a Universidade teria herdado do perfil europeu. Não deve haver categorização de dominador e dominado quando os atores têm a mesma origem.
Da mesma forma, não deve haver ordem entre conhecimento formal e conhecimento tradicional. A escassez de antibióticos na indústria farmacêutica é uma prova clara de que cada vez mais os produtos naturais e o conhecimento tradicional são necessários para alavancar a tecnologia. Não faz sentido definir o que venha a ser conhecimento útil. Todo o conhecimento é útil. Desde o entendimento do que motivou o holocausto à uma ligação química que gera um medicamento novo.
Não há, da mesma forma, uma área de conhecimento que seja mais importante que a outra. A Academia e a sua mania de disciplinarização criou caixinhas que simplesmente não existem no mundo real. Assim, não há porque categorizar conhecimentos. Todos em sua medida são conquistas da espécie humana rumo a uma melhor qualidade de vida e de preservação da espécie, desde que usadas para este sentido.
Divulgar toda e qualquer ciência é prestar contas à sociedade do investimento feito por ela em algo que retorna a ela mesma sob forma de novo conhecimento. E a forma de transferir este conhecimento deve ser adequada ao público-alvo, evitando dimensionamentos desproporcionais. Já alertava Dom Helder Câmara: “Vocês pensam que o povo não pensa. O povo pensa”. Da mesma forma, Albert Einstein advertia: ”Se você não consegue explicar algo para uma criança de seis anos é porque você também não entendeu”.
E justamente por isso que divulgação científica é tão complicada. É necessário transmitir conceitos sem subestimar a capacidade cognitiva das pessoas. E junto a isso, a ideia é fazer da divulgação científica uma ferramenta democrática de trazer acesso ao conhecimento produzido pelo povo que está dentro dos muros da Academia.
Do povo para o povo. Tornando a ciência cada mais popular. Lutando contra a anticiência e suas formas mais nefastas.
Edição: Vanessa Gonzaga