Entender o funcionamento das coisas é da natureza humana
E a tão esperada premiação do Prêmio Nobel de Física 2020 foi dedicada ao estudo dos buracos negros. Com isso, foram premiados os cientistas Roger Penrose, Reinhard Genzel e Andrea Ghez, que é a quarta mulher da história a receber o prêmio Nobel de física. O prof. Penrose recebeu metade do prêmio enquanto que os professores Genzel e Ghez dividem a outra metade, uma vez que Penrose desenvolveu a toeira necessária para provar que os buracos negros são uma consequência da teoria da relatividade e Genzel e Ghez foram responsáveis pela observação da maior evidência de um buraco negro supermassivo no centro da via láctea. Na matéria de hoje entenderemos o que são buracos negros e o que isso afeta na vida de cada um de nós.
Em sua teoria da relatividade, Einstein formulou uma explicação para a gravitação que surgiu como uma substituta para o modelo de Isaac Newton: nela, espaço e tempo estariam conectados como que em uma malha de tecido que se deforma nas proximidades de corpos muito pesados. Isso explica a orbita da terra em torno do sol, da lua em torno da terra e de tudo mais.
No entanto, a teoria também abre espaço para a possiblidade de prever a existência de corpos tão massivos que capturem tudo o que está ao seu redor, por conta da fortíssima atração gravitacional resultante deles. E estes grandes consumidores de estrelas teriam uma característica especial: dada a grande concentração de massa em seu núcleo não há possibilidade de que raios de luz escapem de sua superfície. Ora, se uma imagem é formada pela luz emitida ou refletida em um corpo, podemos dizer que estes objetos seriam perfeitamente invisíveis, daí a denominação “buraco negro”, do que nem a luz consegue escapar.
Por apresentarem esta característica tão peculiar, estes objetos não são fáceis de se identificar no espaço. Porém, recentemente, foram divulgadas as primeiras imagens feitas no espaço de um buraco negro detectado pelo círculo dourado em volta da escuridão total, o que certamente foi decisivo para este importante reconhecimento ao tema. Mesmo assim, o leitor pode se questionar: qual é a utilidade deste estudo? Eu respondo: um buraco negro encerra não apenas a luz, mas também todo o conhecimento humano. Não falo pela possibilidade de encararmos os buracos negros como bueiros que podem consumir planetas, mas pelo laboratório de novos conceitos que eles representam. Ninguém sabe o que existe lá dentro e como ele funciona.
Entender o funcionamento das coisas é da natureza humana. Entendemos a luz e hoje temos células solares em todos os cantos. Entendamos também dos buracos negros, energia escura e matéria escura... Estes e tantos outros mistérios do universo nos levam a crer que o céu ainda continua uma grande incógnita. E quando soubermos mais deles, certamente faremos engenharia a partir dos seus conceitos. E da engenharia surgem os produtos que chegam às nossas casas.
Edição: Vanessa Gonzaga