Neste sábado (17), data que marca o encerramento da Jornada Nacional da Alimentação Saudável e Contra Fome, foi feita a doação de aproximadamente 10 toneladas de alimentos in natura para 16 bancos populares de alimentos e de 1.200 marmitas para pessoas em situação de rua. A jornada aconteceu de 15 a 17 de outubro, quando foram realizadas atividades em defesa da alimentação saudável e pelo combate à fome em comemoração ao Dia Mundial da Alimentação que aconteceu no dia 16 de outubro.
"A jornada é também uma oportunidade de alertar a população brasileira, a sociedade, o setor empresarial, os governos e a comunidade internacional sobre o momento que a gente vive no Brasil. E ela não se encerra, por que na verdade a jornada é um processo mais de chamar a atenção e manter ativa essa preocupação com a insegurança alimentar da população e essa mobilização de denúncia e ao mesmo tempo de fortalecimento dessas expressões de solidariedade", afirmou Alexandre Pires, Coordenador da Rede de Bancos Populares de Alimentos, Coordenador do Centro Sabiá e Coordenador Executivo da ASA Pernambuco.
Um dos bancos de alimentos contemplados foi o da comunidade Vale da Paz, no bairro de Maranguape 2, na cidade de Paulista, que possui 93 famílias cadastradas até o momento. "Com essa pandemia, tem muitas famílias vulneráveis e sem sustento, então isso vai ser muito importante para quem não está tendo condições de se manter", afirma Luciene Barros, coordenadora do banco e agente popular de saúde na comunidade.
O Armazém do Campo Recife, que se constitui como um espaço da comercialização de produtos da agricultura familiar produzidos pela base do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e, com a pandemia, assumiu um papel importante na doação de alimentos e de marmitas, como o que aconteceu na jornada. "Isso é uma ampliação na missão do armazém, que deixa de ser um espaço apenas de comercialização para ser um espaço de solidariedade; um espaço da venda para ser um espaço da partilha; um espaço que vende o alimento para ser um espaço para a elaboração da alimentação para matar a fome da população em situação de rua", disse Ramos Figueiredo, administrador do Armazém do Campo do Recife.
Para o MST, a alimentação saudável impacta diretamente na questão da saúde e por isso a importância da Agroecologia no combate a covid-19. "A nossa luta hoje é por uma comida limpa e sem veneno e que isso nos remete a questão da saúde e acreditar que é uma saúde de qualidade que vem nos fortalecendo nesse combate à desigualdade e ao uso de agrotóxico. Então, nós como MST na luta pela saúde, acreditamos sempre estar trabalhando a questão da agricultura saudável junto às famílias assentadas e acampadas", ressalta Leka Rodrigues, dirigente do setor de saúde do MST.
Entre os apoiadores da jornada, está o Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) do Governo do Estado de Pernambuco, que contribuiu com com caminhões para o transporte dos alimentos. "O IPA trabalha no aspecto da produção, da organização, do apoio à agricultura familiar, então para a gente é importante esse momento de discussão do Dia Mundial da Alimentação e de discutir o papel da agricultura familiar no processo de produção de alimentos saudáveis e a importância de garantir o direito à alimentação e o acesso à alimentação", acredita o diretor-presidente do IPA, Reginaldo Alves.
"A agricultura sustentável, a agricultura familiar, a Agroecologia é capaz de produzir alimentos, tem solidariedade entre o povo do campo e o povo da cidade para doar alimentos, mostrando que a gente produz e essa produção poderia ser muito mais fortalecida se houvessem políticas de Estado que promovessem essa possibilidade da população camponesa, da agricultura familiar doar esses alimentos para a população urbana", afirmou Alexandre.
A Jornada Nacional da Alimentação Saudável e Contra a Fome foi realizada pela Campanha Mãos Solidárias, Arquidiocese de Olinda e Recife, Frente Brasil Popular, Campanha Periferia Viva e Fiocruz-PE. Com apoio da Articulação no Semiárido (ASA), Via Campesina, MST, Fetape, CUT, Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direito (MTD), Santa Casa de Misericórdia do Recife, UFPE, UPE, Unicap, UFAPE, IFPE e IF-Sertão.
Quem quiser fazer doações para a Rede de Bancos Populares de alimentos, pode levar doações de alimentos e materiais de limpeza para o Banco Mãe ou fazer doações am dinheiro através de transferência ou depósito bancário.
Endereço: Banco Mãe, Rua 1º de Março, n 34 (entrada pela rua do Imperador Dom Pedro II, ao lado do Armazém do Campo Recife)
Para doações em dinheiro:
Associação da Juventude Camponesa Nordestina – Terra livre
Banco do Brasil
Agência 0697-1
Conta Corrente 58892-X (outros bancos, substituir o X por 0)
CNPJ 09.423.270/0001-80
Mais informações no site da campanha Mãos Solidárias
Edição: Vanessa Gonzaga