A Campanha Mãos Solidárias está impulsionando a criação de uma horta urbana no bairro de Peixinhos, que fica no limite entre os municípios de Olinda e Recife. A iniciativa foi criada a partir de um desejo de integrantes da campanha Mãos Solidárias e do Movimento de Trabalhadores e Trabalhadoras por Direitos (MTD) junto a moradores e gestores da Biblioteca Multicultural Nascedouro, que cedeu um espaço para a horta.
“Essa horta de Peixinhos se implantou num espaço que estava subutilizado, que só tinha lixo, então a gente vem ressignificando esse espaço do Nascedouro de Peixinhos, que é um espaço de resistência”, explicou Aniérica Almeida, assessora para Agricultura Urbana do Centro Sabiá, que completa “A partir desse processo de organização, a gente vem trabalhando essas outras temáticas do direito à alimentação de qualidade em quantidade suficiente”.
Nas hortas são produzidos temperos, plantas medicinais, verduras e legumes com o apoio de uma assessoria para agricultura urbana que tem experiência na criação e manutenção desse tipo de horta. “A gente está com uma horta que segue os princípios da agroecologia, a gente não utiliza nenhum tipo de insumos químicos, nenhum tipo de veneno. Não é só uma questão de ter acesso à comida, mas a uma comida de qualidade que seja promotora de fato dessa saúde”, acredita a assessora.
Para os moradores e moradoras, essa iniciativa é uma oportunidade de enxergar a comida de uma nova forma. “É de fato trazer para mais moradores do bairro essa vivência do cultivar, do pensar seu alimento, de onde vem a comida que a gente come, das possibilidades de uma medicina tradicional popular a partir das hortas medicinais”, afirmou Elisa Maria, moradora de Peixinhos e integrante do grupo gestor da horta.
Além disso, o grupo também ensina formas acessíveis do preparo da comida a fim de transformar o jeito como as pessoas se alimentam e o gosto pelas comidas in natura. “A gente já teve dois momentos de colheita, e uma estratégia que a gente vem construindo junto com as pessoas que fazem parte do grupo, é de que a cada colheita a gente prepara algum tipo de prato ou de comida com aquilo que a gente está colhendo”, disse Aniérica, que exemplifica “a gente já teve colheita de couve, de alface, de coentro; então teve um dia que a gente preparou um suco verde”.
A horta promove também a ideia de solidariedade entre os moradores através do fortalecimento da organização popular. “É um repensar da nossa vivência, mesmo, e da nossa existência, que não é só trabalhar e produzir lucros para os outros, mas a pensar nas nossas próprias vidas, na nossa comunidade, práticas coletivas de cuidado coletivo e de pensar o modo de produção e as relações sociais”, analisou a moradora.
Edição: Vanessa Gonzaga