Pernambuco

Eleições 2020

Charbel promete que saúde, escolas e teatros serão geridos pela iniciativa privada

Candidato do Partido Novo também afirma que vai extinguir CTTU e Emlurb, além de reduzir regras para obras no Centro

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Charbel é nascido em Belo Horizonte (MG) e mudou-se para o Recife após ser aprovado no concurso de procurador municipal - Divulgação NOVO

O candidato Charbel Maroun foi o sexto entrevistado do Opinião Pernambuco na série de entrevistas com os postulantes à Prefeitura do Recife. Filiado ao Partido Novo, Charbel é nascido em Belo Horizonte, Minas Gerais, e mudou-se para a capital pernambucana após ser aprovado no concurso de procurador municipal do Recife. Ao longo da sabatina, realizada pela jornalista Stella Maris Saldanha, o candidato deixou claro que pretende envolver a iniciativa privada em praticamente todos os serviços públicos prestados pela prefeitura, seja através de privatizações, concessões ou parcerias público-privadas (PPPs). O Opinião Pernambuco vai ao ar de segunda a sexta, às 19h30, na TV Universitária Recife (Canal 11), mas também fica disponível no canal da TVU no Youtube.

Em linhas gerais, o candidato prometeu “reduzir o número de servidores, para que a Prefeitura tenha um tamanho que permita sobrar recursos suficientes para que ela possa garantir serviços de qualidade à população”. Charbel Maroun disse que quer o poder público com a principal responsabilidade não de realizar diretamente os serviços pelos quais é responsável por lei, mas que o Executivo municipal garanta os serviços através de parcerias com entes privados e que o poder público atue mais “fiscalizando a qualidade dos serviços prestados”. “Não precisa a Prefeitura construir uma escola, um prédio, para prestar um bom serviço”, completa ele. A regra se aplica também a educação e saúde.

Para Charbel (NOVO) o SUS precisa passar por uma “remodelação”, em que o recurso não vá para contratação direta de servidores (via concurso) ou construção de hospitais, mas para pagar exclusivamente os serviços a serem utilizados pela população numa rede privada já existente. “O dinheiro está sendo gasto para construir prédio e contratar pessoal”, reclama Charbel. “Temos uma rede privada para atender a população. Quanto mais importante o serviço, melhor precisa ser a qualidade”, afirma. “O sistema de saúde da Inglaterra não tem servidor público. Eles contratam médicos por iniciativa privada, clínicas privadas e pagam. Quanto mais eu gasto com manutenção de prédio, menos sobra para eu comprar medicamento, consultas e exames”, disse ele. O candidato pontuou ainda que o Hospital da Mulher (municipal) tem gestão privada, assim como algumas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Ele mencionou UPAs dos bairros dos Aflitos e Afogados, mas as localidades não contam com unidades de saúde do tipo.

Assista na íntegra:

Para a educação o projeto é similar. Ele lembrou que a falta de creches faz com que as mulheres da família se dediquem aos cuidados das crianças ao longo do dia e ficam impedidas de trabalhar. “Na escolinha do bairro cobra-se R$250, mas elas não têm dinheiro. Era melhor a Prefeitura pagar essa escolinha do que comprar terreno, fazer licitação para obra, contratar empreiteira que desvia dinheiro, fazer concurso, depois tem greve de servidor. É melhor pagar a escolinha. No dia seguinte à minha posse já está resolvido o problema”, diz Maroun. Para as escolas de ensino fundamental a proposta é contratar instituições privadas, inclusive escolas particulares já existentes, para gerir as escolas públicas. Além disso, disponibilizar para os pais um “voucher” para pagarem escolas privadas.

Charbel é um dos fundadores do Partido Novo no estado, organização partidária que defende que as campanhas e partidos não recebam verbas públicas, mas de doações empresariais e individuais. O candidato foi questionado por Stella Maris sobre essa “necessidade” de envolver a iniciativa privada em tudo, se não seria uma forma de colocar mais recursos públicos para os empresários que apoiam seu partido. “É para favorecer a iniciativa privada? Sim, é um dos motivos. Não por motivos escusos, mas porque estimular a iniciativa privada é gerar empregos. E quem é beneficiado com os empregos é a população”, argumentou. “E não estou falando só da iniciativa privada com fins lucrativos, mas das OS, OSCIPs [classificações jurídicas de ONGs]. Emprego gerado pelo governo é caríssimo, enquanto emprego gerado pela iniciativa privada é mais eficiente e atende melhor a população”, avaliou. Na resposta ele também mencionou, sem esconder o tom de reclamação e cobrança aos empresários, que o empresariado não tem dado contribuição financeira para o diretório local do Partido Novo.

O candidato pretende fazer o máximo de PPPs, concessões e privatizações, passando para a iniciativa privada praças, ginásios, teatros, mercados e cemitérios, além da extinção de autarquias como CTTU, Emlurb e Urb. “O município não tem recurso para manter esses teatros. A iniciativa privada vai fazer a gestão do teatro, com recursos próprios, para explorar comercialmente, entregando melhor serviço para a população. O ginásio Geraldão a mesma coisa”, diz o candidato. “A prioridade do recurso público é Saúde, Educação e Saneamento Básico”, completa. Seu plano de governo também menciona retirar toda a legislação que dificulta a realização de obras privadas no centro do Recife. “O centro está abandonado. Quase ninguém mora mais lá. O centro tem toda a infraestrutura, saneamento, transporte, mas há leis que impedem as empreiteiras de construírem e reformarem prédios. Minha intenção é que as pessoas voltem a morar lá”, conclui.

Edição: Vanessa Gonzaga