Fernando de Noronha é considerada um dos santuários ecológicos mais importantes do mundo, sendo a única ilha habitada do arquipélago de Fernando de Noronha com cerca de 3.300 pessoas. Ao todo, o arquipélago é formado por vinte e uma ilhas. Para garantir a sua preservação, a ilha possui áreas restritas para garantir que peixes, golfinhos, tubarões, corais e outras espécies continuem se desenvolvendo.
“Fernando de Noronha é constituída por duas unidades de conservação: uma de proteção integral que cobre a maior parte da ilha e uma de uso sustentável, que é a APA. Que é onde você tem as residências, as atividades socioeconômicas da ilha, enfim, mas elas estão juntas”, explicou Clemente Coelho Júnior, Professor do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Pernambuco (UPE).
E são essas belezas naturais garantidas pela preservação que atraem o turismo na região, que são responsáveis por grande parte da economia da ilha. Por isso, os moradores aprendem desde criança a importância de cuidar do Meio Ambiente. “O perfil do turista que visita Noronha é aquele que procura uma praia bonita, limpa, um lugar tranquilo, que tem essas belezas de Noronha. Então, para se ter esse ecossistema preservado para que haja o turismo em Noronha, é necessário essa preservação. Então, aprender isso desde pequeno, conviver no dia-a-dia, saber porque se tem que preservar, é muito importante aqui dentro do arquipélago”, afirmou Fabiane Torres Vilela, que é moradora, bióloga e professora de educação ambiental do EREM Arquipélago de Fernando de Noronha. Confira:
Além isso, a limitação na entrada de moradores e turistas em algumas partes da ilha, ajuda a garantir a preservação e a reprodução de algumas espécies. “A própria biodiversidade que mantém ainda o seu ciclo biológico sem alteração acaba contribuindo positivamente para a APA Costa dos Corais. O limite entre o parque e a APA não é um limite físico, os peixes que estão no parque, eles vão para a APA Costa dos Corais e vice-versa”, analisa Clemente.
Essa área de preservação, além de trazer benefícios para o turismo, é, principalmente, uma garantia de sobrevivência para as espécies. “Aquilo que está ali protegido, não pode ser extraído, transborda para a APA e aí você tem o uso mais frequente do turismo, do mergulho, mergulho de contemplação e a própria pesca na APA é permitido. Então, a gente tem que prestar atenção aqui, que as áreas marinhas protegidas funcionam como uma poupança, ela resguarda a biodiversidade”, avalia o professor.
No entanto, foi nessa área de preservação, que é conhecida como Parque Nacional Marinho que o Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, autorizou a pesca da sardinha, mesmo estando no período de reprodução dos peixes. “Como bióloga, eu vejo que é uma lacuna no ecossistema, é uma interferência em um trabalho de muito tempo, que dá muito certo. Então na questão de preservação, eu não vejo como uma questão muito legal”, afirma Fabiane, que avalia que também existe um outro lado. “Porém, eu vejo o lado cultural, porque eu convivo com a comunidade aqui sempre e eu vejo que os pescadores tradicionais dependiam disso, sempre foi assim, sempre utilizaram sardinha, porém vale lembrar também que os tempos são outros”, conclui.
Tanto a pesca artesanal, quanto a comercial, estavam proibidas desde a criação do Parque Nacional Marinho em 1988 e, com a liberação da pesca da sardinha, a espécie fica vulnerável mesmo dentro de uma área que é de preservação e conservação ambiental.
Edição: Vanessa Gonzaga