Cerca de 500 trabalhadores rurais agricultores e agricultoras familiares de diversos municípios da Zona da Mata de Pernambuco fizeram na manhã desta segunda (09) um protesto nas BRs 101 Sul, na altura do entroncamento de acesso a Catende e Maceió, em Palmares, e na BR 232, na altura do Parque Aquático de Moreno.
Os agricultores e agricultoras cobram do Governo de Pernambuco a regularização de suas terras, assegurando-lhes o direito que possuem de permanecer nelas, trabalhando e produzindo alimentos. As famílias esperam ser ouvidas pelo governador Paulo Câmara. A mobilização dos camponeses e camponesas está sendo acompanhada pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), pela Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Famíliar de Pernambuco (FETAPE) e pela Arquidiocese de Olinda e Recife.
Atualmente, mais de 1.500 famílias agricultoras posseiras que vivem em comunidades camponesas na Mata Sul e Norte, há várias décadas, encontram-se ameaçadas de expulsão e vítimas de violações de direitos humanos promovidas por empresas dos ramos imobiliário, sucroalcooleiro e pecuarista, as quais exploram economicamente a área. Os casos mais graves localizam-se nos municípios de Jaqueira, Maraial, Catende, Barreiros e Tamandaré, todos na Mata Sul.
Elas também reivindicam que o Judiciário cobre as dívidas milionárias das usinas que funcionavam na região e investiguem os cartórios pelos registros de terras com valores abaixo do preço de mercado, caracterizando a regularização de terras griladas.
Até que a regularização de suas posses não seja concretizada, as famílias cobram a implementação de medidas que lhes garantam segurança e inibam a violência a que estão submetidas, como ameaças de morte, perseguições, tentativas de assassinato, destruição de lavouras, contaminação de fontes de água, vigilância com drones, cárcere privado, entre outras violações.
Segundo a Secretaria de Defesa Social (SDS), mais de 95 Boletins de Ocorrência foram registrados nos últimos meses relacionados aos conflitos por terra na região. Contudo, até o momento, nenhuma denúncia registrada pelas famílias agricultoras contra as empresas resultou em investigação.
Desde o mês de março - quando as violações se tornaram mais constantes -, representantes das comunidades ameaçadas vêm buscando, sem resultado, dialogar diretamente com o Governador Paulo Câmara. Mesmo após audiências e reuniões com órgãos de governo, a situação ainda não teve nenhuma resolução.
Edição: Vanessa Gonzaga