Pernambuco

ELEIÇÕES 2020

No Nordeste, sete das nove capitais vão decidir os seus prefeitos no segundo turno

As eleições 2020 no Nordeste foram marcadas pelo avanço dos partidos de centro e centro-esquerda

Brasil de Fato | Recife, PE |
Além de em Recife e Fortaleza, a centro-esquerda também aparece no segundo turno de Aracaju, capital de Sergipe, e Maceió, capital de Alagoas - Reprodução

Na região Nordeste, partidos de centro e de esquerda estão presentes nas cidades que disputarão o segundo turno. As capitais da região destacaram algumas particularidades que refletem tanto a política local, quanto as tendências nacionais.“O Nordeste reproduz as duas linhas principais para as eleições no País, a primeira linha é uma avaliação negativa da atuação do Governo Federal, do Bolsonaro e do bolsonarismo no contexto da pandemia. Nesse sentido, houve uma tendência na região a premiar os bons gestores da pandemia.”, afirma Marcos Paulo Campos, cientista social e professor da Universidade do Vale do Acaraú (CE) que completa “E, em segundo lugar, o Nordeste confirma uma coisa que os analistas já estavam sentindo, mas às vezes tinham um receio em afirmar, o Nordeste demonstra um retorno da esquerda, digamos assim, ao centro do palco".

Na capital pernambucana, o segundo turno ocorre com Marília Arraes do Partido dos Trabalhadores (PT) e João Campos do Partido Socialista Brasileiro (PSB), com duas candidaturas do campo progressista. “A vitória de uma frente de esquerda realizada por um lado entre PT e PSOL, que levou a um segundo turno com Marília Arraes com a possibilidade de eleger a primeira mulher prefeita do Recife, mas também de ter isolado a direita, seja ela a que se aliou ao campo bolsonarista ou não”, analisa Rud Rafael, coordenador nacional do MTST e integrante da Frente Povo Sem Medo (PE), que avalia as associações com o bolsonarismo em Pernambuco no primeiro turno. “A direita tentou se vincular à figura de Bolsonaro e do Sérgio Moro e saiu derrotada, e acho que isso é uma sinalização muito importante para o nordeste e para o Brasil”, concluiu.

No entanto, o exemplo de Recife não é regra para todos os estados da região. Na capital do Ceará, o candidato bolsonarista Capitão Wagner do Partido Republicano da Ordem Social (PROS) disputa o segundo turno com José Sarto do Partido Democrático Trabalhista, candidato ligado ao campo progressista. Veja na reportagem:

“Os candidatos apoiados por Bolsonaro no Nordeste não lograram êxito com essa identificação, exceto, por exemplo, o caso de Fortaleza, mas por uma conjuntura particular, porque o candidato também tem, digamos assim, uma existência própria, ele já existia na política do Ceará e de Fortaleza bem antes do Bolsonaro”, observa o cientista social, que ressalta que “A relação com Bolsonaro é mais recente e que ele não provocou tanto  ao longo da campanha, ele acabou se apresentando como professor, tentando ter uma fala mais dirigida a muitos públicos da cidade e não somente ao público do bolsonarismo”.

Além de em Recife e Fortaleza, a centro-esquerda também aparece no segundo turno de Aracaju, capital de Sergipe, e Maceió, capital de Alagoas. Já na Paraíba, vão para o segundo turno, Cícero Lucena do Progressistas e Nilvan Ferreira do Movimento Democrático Brasileiro (MDB).

“Nilvan é completamente aliado de Bolsonaro (04:19) (04:29), já Cícero Lucena recebeu a declaração do vice-presidente da República, Hamilton Mourão, de que estaria aqui em João Pessoa apoiando na campanha de Cícero caso ele fosse para o segundo turno”, ressaltou Heloisa de Sousa, jornalista e integrante Frente Brasil Popular (PB), que analisa o contexto político na capital. “O cenário aqui na Paraíba já apontava um certo crescimento do bolsonarismo, digo isso porque a capital paraibana, João Pessoa, foi a com maior aprovação do Governo Bolsonaro. Por outro lado, a esquerda não conseguiu colocar em prática uma frente alinhada com as pautas defendidas pelos progressistas como aconteceu em outros estados brasileiros”, avalia.

No Nordeste, sete das nove capitais vão decidir os seus prefeitos no segundo turno. Apenas foram eleitos prefeitos no primeiro turno em Salvador, da Bahia, com Bruno reis do Democratas (DEM); e Natal, do Rio Grande do Norte, com Álvaro Dias do Partido Social Democracia Brasileira (PSDB).

Edição: Vanessa Gonzaga