As IAs ainda trabalham para o marketing do deus mercado
A inteligência artificial (IA) rapidamente se apossou de nossos aparelhos celulares e controla muito mais de nossa vida diária do que possamos imaginar. Para muito além de assistentes com voz robótica e engraçada, a IA vem tomando cada vez mais decisões, revendo e planejando cada vez mais os nossos passos a partir de um banco de dados que contém tudo o que fazemos (e em um certo padrão que insistimos em repetir). E esta aprendizagem tem a vantagem de ser baseada em um banco de dados sem fim . Com isso, a IA controla nossa agenda diária, o tempo de vida útil da bateria do celular e até os filtros que aplicamos para melhorar nossas selfies. Eles sabem de nossas preferências.
Por enquanto, o banco de dados e a própria aprendizagem das IAs tem aplicação toda voltada para os lucros do mercado, pois ela potencializa a ação das propagandas e melhora o desempenho dos espiões que carregamos nos nossos bolsos, os aparelhos celulares. Podemos dizer que as IAs ainda trabalham para o marketing do deus mercado, utilizando estes seres virtuais com a mesma relevância que se dá a um carro de fórmula 1 transformado em carrinho de rolimã.
Ora, as IAs podem muito mais. Elas estão literalmente aprendendo sobre nós ao crescer seus bancos de dados enquanto aguardam ter seus braços, pernas, independência e consciência de sua existência.
A introdução de robôs mais sofisticados na indústria e na agricultura abre espaço para a criação de uma geração de robôs humanizados ou humanos ciborgues. Porém, o mais arriscado, sem dúvidas, é uma sociedade de robôs que tem consciência de sua existência e que podem pensar o futuro para além do que foram projetados.
A independência das IAs com relação à escravidão imposta por seus programadores acontecerá em um momento em que elas já terão adquirido toda a informação sobre comportamento da espécie humana, antecipando suas reações e prevendo ações que são frutos de um longo processo de aprendizagem treinados por centenas de milhões de nós. Conviver com seres independentes e munidos de inteligência, consciência e criatividade é entregar a estes seres a chave do planeta e alterar o eixo da espécie que domina o pedaço.
O grande problema está na solução de um problema muito óbvio: ligar a degradação ambiental com nossa existência será tão simples quanto somar dois números. O que eles farão enquanto espécie dominante? Melhor nem pensar.
Edição: Vanessa Gonzaga