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POLÍTICA

Candidatas Negras indicam que os desafios nas eleições 2020 foram além dos votos

Como parte do II Fórum de Mulheres Negras e Poder do Nordeste, candidatas negras dialogaram sobre suas experiências

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Momento de troca de experiências entre as mulheres que foram candidatas nas eleições municipais 2020 debateu desafios para disputas dentro dos partidos e na sociedade - Marcello Casal Jr. / Fotos Públicas

A tarde do primeiro dia do II Fórum de Mulheres Negras e Poder do Nordeste - que está acontecendo de forma virtual - foi reservada para troca de experiências entre as mulheres que foram candidatas nas eleições municipais 2020. O objetivo era, sobretudo, fazer um balanço dos desafios e aprendizados na caminhada.

Em todas as falas o consenso é de que as dificuldades nas eleições não foram somente a disputa dos votos, mas, o processo até a chegada nas urnas. Sobre esse caminhar, os apontamentos foram em torno dos desafios colocados pelas disputas de espaços dentro dos partidos políticos.  Para Gigi Poetisa, que foi candidata a vereadora em Aracaju a perspectiva é ocupar e debater dentro dos partidos políticos.  "Nós avançamos com o debate sobre o racismo estrutural dentro dos movimentos sociais, mas, agora precisamos avançar dentro dos partidos políticos, porque é lá que se encontra os nossos primeiros desafios para conseguirmos ocupar a política institucional. E é através dela que vamos conseguir lutar por nossos direitos. Precisamos decolonizar os partidos. A esquerda brasileira ainda é branca", conta.

Débora Aguiar, que disputou a vereança pela chapa coletiva Pretas Juntas, no Recife, define também um pouco do processo que ela vivenciou. "é muito bonito ocupar esse espaço, mas, é muito desafiador também. Eu e Elaine passamos por muito processos de segregação, de muitos questionamentos sobre a nossa inteligência, de poucos recursos destinados para nossa campanha e de silenciamento. Mesmo assim, tivemos 2795 pessoas que acreditaram em nosso projeto político", ressalta.

Já para a co vereadora eleita de Fortaleza, Louise Santana, que faz parte da Mandata Coletiva Nossa Cara, o processo de ocupação dos espaços políticos é um caminho que não para somente nas eleições. "Sabemos que a institucionalidade como um todo é bastante limitada. Não cabe os nossos sonhos, não cabe as nossas lutas, as nossas utopias. É por isso que a nossa construção é para que esses espaços tão duros deixem de existir. Até lá vamos continuar juntas", diz.

A única representante de candidatura à majoritária que fez fala no Fórum, a professora Zuleide Queiroz, que foi candidata à prefeita do Crato, no Ceará, trouxe a relação entre a organização das mulheres negras com os partidos deve continuar. "Meu lema sobre isso é viver, viver com segurança e avançar. Temos dois anos para construir e ocupar cada vez mais nossos espaços dentro dos partidos. Queria também lembrar que essas instituições são construídas por pessoas. E pessoas são constituídas pelas concepção de mundo que elas têm. No lugar é de avançar para que as ideias que nos derrubam possam acabar. E é com esse agrupamento de mulheres negras que vamos conseguir", anima.

Edição: Vanessa Gonzaga