Seguindo as análises sobre os avanços e recuos dos partidos nas eleições municipais deste ano em Pernambuco, o Brasil de Fato detalha as regiões da Zona da Mata e do Agreste do estado. Enquanto na mata a centro-esquerda teve grande prejuízo eleitoral, o bolsonarismo e o “Centrão” avançaram. O PSB viu sua hegemonia cair na Zona da Mata, mas conseguiu mantê-la no Agreste. O tradicional PSDB foi talvez o grande derrotado, apesar de ter mantido Caruaru. PP, MDB, PL e o partido bolsonarista Republicanos foram os que mais ganharam espaço nas regiões analisadas.
Zona da Mata
A Zona da Mata concentra pouco mais de 1,5 milhão de habitantes. Nos últimos anos o PSB manteve grande hegemonia nos 48 municípios que compõem a mata, mas perdeu esse posto. O partido caiu de 19 para 10 cidades governadas. Com as derrotas em cidades como Vitória de Santo Antão, Escada e Limoeiro, o PSB perdeu mais de 430 mil em população governada. Quem se deu bem foi o PP, que conquistou seis prefeituras.
O MDB manteve as quatro prefeituras, mas teve ganho populacional. O partido saiu derrotado em Palmares, mas ganhou Vitória de Santo Antão. O PSD subiu de 5 para 7 municípios, manteve Paudalho e outras três prefeituras na região, perdeu Catende, mas ganhou Itaquitinga, Buenos Aires e Jaqueira. O PL caiu de 5 para 3 prefeituras, com destaque para Escada e Gameleira.
O PDT, que perdeu Primavera, manteve Carpina e segue governando para mais de 80 mil habitantes. O PSL conseguiu a reeleição em Goiana e se mantém governando para 80 mil. O Republicanos a partir de 2021 terá responsabilidade sobre 75 mil pessoas. O partido da Igreja Universal tinha apenas a prefeitura de Condado, mas venceu em mais três, com destaque para Tamandaré, quebrando a hegemonia da família Hacker na região. Em Sirinhaém, Coelhinho (PSB) acabou derrotado por Camila Machado (PP). Ainda na Zona da Mata, o PTB, que apesar de ter caído de 3 para 2 municípios governados, conquistou Catende e agora vai governar para 60 mil pessoas.
Também terão prefeituras na Zona da Mata: o Podemos, que venceu ,em Limoeiro; o Cidadania, em Vicência e São José da Coroa Grande; o Avante em Chã Grande, São Benedito do Sul e Maraial; o Solidariedade, em Nazaré da Mata; o PSDB, que só manteve Lagoa do Carro; e o PSC, que conquistou Xexéu.
Vale mencionar que a situação de Palmares ainda está indefinida. O município governado por Altair Junior (MDB) perdeu a eleição para Junior de Beto (PP). Mas o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PE) havia impugnado sua candidatura por considera-la irregular. No período de convenções partidárias o PP escolheu como candidato José Bartolomeu de Almeida, mas que estava com direitos políticos suspensos após condenação por improbidade administrativa. Após o período de convenções, o PP substituiu o candidato pelo seu filho, Júnior de Beto. A situação ainda precisa passar por julgamento.
Agreste
Na região Agreste do estado, onde vive 24% da população do estado, o PSB mantém sua hegemonia. Dos 66 municípios, os socialistas estarão governando 20 a partir de janeiro. Com vitórias importantes em Garanhuns e Gravatá, o PSB terá responsabilidade sobre 650 mil agrestinos. Os dois municípios foram retirados das mãos do PSDB, que caiu de 5 para 3 prefeituras – mas manteve Caruaru com Raquel Lyra (PSDB) reeleita.
O DEM subiu de três para oito prefeituras no Agreste e agora governa para mais de 250 mil pernambucanos na região. Belo Jardim e Bezerros foram as duas principais conquistas do partido. O PP também foi de três para oito prefeituras e vai governar para mais de 220 mil habitantes. A vitória sobre o PSDB em Santa Cruz do Capibaribe foi a mais relevante. E o MDB, que subiu de sete para oito prefeituras, vai governar também para 220 mil agrestinos. Destaques para a reeleição em Buíque e a vitória sobre o PSB em São Bento do Una.
Importante falar do Republicanos. O partido não tinha prefeituras e conquistou cinco: Ibirajuba, Jataúba, Riacho das Almas, Caetés e Pesqueira. Este último ainda carece de julgamento, onde o Cacique Marquinhos Xukuru (REP), liderança indígena e conseguiu reunir a esquerda em torno de sua candidatura.
O TRE-PE indeferiu a candidatura após pedido do Ministério Público Eleitoral (MPE), que aponta que o cacique tem contra si uma condenação em 2015 por “crime contra o patrimônio privado” e por isso estaria inelegível. O crime teria se dado, segundo o processo, após bate-boca numa estrada em que um homem armado assassinou dois indígenas e tentou matar o cacique, que fugiu. Em resposta, Marquinhos e outros indígenas teriam ateado fogo no veículo do assassino. Caso a Justiça Eleitoral autorize a posse em Pesqueira, o REP terá responsabilidade sobre mais de 140 mil habitantes na região.
Além de Pesqueira, outros dois municípios ainda estão com situação eleitoral indefinida e aguardam julgamento: Capoeiras, onde o PL venceu o PSB; e Palmeirina, onde o Solidariedade bateu o MDB.
O bloco de partidos da centro-esquerda caiu de 30 para 24 prefeituras no Agreste, mas teve um ganho em mais de 60 mil habitantes. O PT manteve Águas Belas e Tacaimbó, o PCdoB conquistou Sanharó e o PDT “trocou” Lagoa dos Gatos por Jurema. Os partidos alinhados com o presidente Jair Bolsonaro não tinham quaisquer prefeituras no Agreste, mas ganharam bastante espaço. No balanço, o grupo saiu do zero para quatro prefeituras (podendo chegar a cinco, a depender de Pesqueira) e vai governar para aproximadamente 150 mil pessoas da região.
Já o “Centrão” saiu no prejuízo. Além dos danos sofridos pelo PSDB, o grande derrotado do Agreste foi o PSD. O partido tinha nove prefeituras e a partir de 2021 governará apenas três, somando 88 mil pessoas. As derrotas mais simbólicas foram em Bom Jardim e Brejo da Madre de Deus, ambas vencidas pelo PL. O partido manteve Lajedo, agora sua maior cidade na região. O tradicional PTB foi outro grande derrotado. A sigla tinha quatro prefeituras e perdeu todas. Na soma de PSDB, DEM, PP, MDB, PL, PSD, Avante, PTB e SD, a perda é de 240 mil habitantes, apesar de terem ampliado de 35 para 36 prefeituras.
Edição: Vanessa Gonzaga