A Assembleia Nacional venezuelana deu início, nesta terça-feira (5), a um novo período legislativo. Os 277 novos deputados, eleitos em 6 de dezembro, assumem o parlamento pelos próximos cinco anos.
O ex-vice-presidente de Comunicação, Cultura e Turismo Jorge Rodríguez foi eleito presidente da Assembleia Nacional, enquanto Iris Varela, ex-ministra do Sistema Penitenciário, assumiu a primeira vice-presidência. Rosalba Gil é a nova secretária do parlamento.
Depois de cinco anos com a Assembleia dominada pela oposição, Rodríguez defende que o novo período será de reconciliação, mas sem impunidade.
"Logo criaremos uma comissão para propor um grande diálogo nacional pela paz, pela consolidação dos ideais e da vida republicana, para chegar ao parlamento comunal", declarou em seu primeiro discurso.
Pelo lado opositor, o deputado Javier Bertucci, da Aliança Democrática, concorda que os últimos anos de polarização levaram o país "à maior crise da sua história".
"A oposição precisa mudar, assim como o oficialismo também precisa mudar para que possamos sair dessa crise profunda", afirmou.
Apesar de criticar a proposta de uma direção do parlamento composta totalmente por deputados do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), nenhum deputado opositor apresentou outra chapa.
O ex-presidente da Assembleia Constituinte Diosdado Cabello e primeira-dama Cília Flores foram empossados como deputados / Prensa Miraflores
Oposição
Juan Guaidó, que não participou das eleições, perde o posto de deputado e passa a ser apenas mais um representante da oposição.
Enquanto alguns dos seus aliados reconheceram o resultado, Guaidó convocou uma manifestação no Palácio Federal Legislativo para impedir a posse dos novos deputados. Por conta da falta de apoiadores e do operativo de segurança da Força Armada Nacional Bolivariana (Fanb), o ato público se transformou em uma reunião com alguns dos seus partidários para defender a continuidade administrativa da última gestão da AN.
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O quadro expressa o isolamento de Guaidó no cenário político interno venezuelano. A União Europeia já sinalizou que a partir de agora irá reconhecer o antes auto proclamado presidente como um líder opositor.
No entanto, os Estados Unidos mantêm seu total apoio a Guaidó. O Escritório de Controle de Bens Estrangeiros do Departamento do Tesouro (OFAC, na sigla em inglês) emitiu um documento afirmando que continua reconhecendo Guaidó como única autoridade legítima venezuelana, o que lhe dá direito a gerenciar os ativos da Venezuela no território estadunidense; entre eles, a Citgo, a filial da petroleira estatal PDVSA, avaliada em aproximadamente US$ 8 bilhões (cerca de R$ 40 bilhões).
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Para o próximo período, as principais demandas que os venezuelanos esperam que sejam atendidas pelos parlamentares são os problemas de abastecimento de água, luz e gasolina, além da crise econômica, com uma hiperinflação induzida que reduziu o valor do salário mínimo a menos de um dólar.
Edição: Camila Maciel
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