É preciso reavivarmos a herança que Chávez nos deixou como projeto de vida: o bolivarianismo
Nesta semana, é tarefa dos movimentos sociais e de todas as pessoas que desejam a unidade da América Latina recordar a memória do comandante Hugo Chávez Fria que partiu no dia 05 de março de 2013. Hoje, mais do que nunca, é preciso reavivarmos a herança que ele nos deixou como projeto de vida: o bolivarianismo.
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Já em 1965, Dom Helder Camara, então arcebispo de Olinda e Recife, estando em Roma, durante o Concílio Vaticano II escreveu a seus colaboradores: “Monsenhor Dell´Acqua, secretário do papa (Paulo VI), me recebeu carinhosamente. A problemática da América Latina lhe era familiar. [...] Entende e estimula o novo Bolivarianismo, como esforço conjunto para a independência econômica e unidade do Continente”. Mais tarde, em outras duas cartas, Dom Helder explica o Bolivarianismo e fala de Simon Bolívar, o Libertador, que, no início do século XIX, a partir da Venezuela, liderou a guerra que libertou quase toda a América Latina do império espanhol.
Na memória e na consciência do povo venezuelano, o Bolivarianismo sempre se manteve vivo, mas foi renovado no começo da década de 1970. Aos 17 anos, Hugo Chávez entrou na Academia Militar de Caracas, em 1971. Vinha de Barinas, interior do país. Era um jovem forte e inteligente. Nesse ambiente que suscitava o diálogo entre militares e intelectuais civis, em pouco tempo, Chávez passou a conhecer bem a história da Venezuela e da América Latina. Incorporou, em seu coração e para toda a vida, os ideais de Simon Bolívar e de outros homens e mulheres que lutaram pela igualdade social e pela libertação do povo. A partir daí, ele e vários companheiros, criaram nas periferias de Caracas “círculos bolivarianos”. Eram grupos de estudo, parecidos com os “círculos de cultura”, propostos por Paulo Freire em sua metodologia de alfabetização. Os círculos bolivarianos se espalharam por toda Venezuela, nos movimentos populares, camponeses e indígenas que queriam mudar o país. Muitos desses grupos eram comunidades cristãs.
Em 1991, Chávez e seus companheiros tentam tomar o poder e são presos. Quando saem da prisão, vão diretamente para os bairros populares e continuam o trabalho de conscientização e preparação das mudanças. Com o aumento da consciência social e da educação das bases, Hugo Chávez vence as eleições democráticas de 1999. Propõe para o país o Bolivarianismo, baseado em três caminhos: 1o – libertar a Venezuela e toda a América Latina do imperialismo. 2o – integrar o continente latino-americano em uma comunidade de países independentes, mas unidos. 3o – caminhar na direção de uma maior igualdade social e um socialismo democrático, a partir das raízes populares e indígenas.
A maioria dos venezuelanos acatou a proposta. Em menos de dez anos, o povo votou uma nova Constituição Bolivariana. E na América Latina, Chávez suscitou organismos de integração como a ALBA, UNASUL, CELAC e outros que, na primeira década deste século, conseguiram que, no mundo, o nosso continente fosse o único, no qual a pobreza não aumentou. Segundo a ONU, a Venezuela foi o país latino-americano que mais conseguiu diminuir as desigualdades sociais.
No dia 05 de março, os latino-americanos que buscam uma justiça nova para todos, recordam os oito anos do falecimento do presidente Chávez. O povo da Venezuela garante a continuidade do projeto ao qual ele consagrou a vida. E quanto mais a história olhar à distância, mais o colocará como um dos maiores homens do nosso tempo.
Edição: Vanessa Gonzaga