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8M: Dia da mulher na luta contra a covid-19

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No combate à pandemia, algumas das lideranças mais exemplares e eficazes são mulheres - Ocupação Carolina de Jesus
A pandemia tem revelado a centralidade das contribuições femininas

Neste ano, a celebração do Dia internacional da Mulher se desdobra desta 2ª feira, 08 de março para toda a semana. O motivo é que para este 2021, a  ONU escolheu como tema deste dia da mulher: “Mulheres na liderança: Alcançando um futuro igual em um mundo de COVID-19 ”. 

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A razão deste tema é que mulheres estão na linha de frente da crise da COVID-19. A ONU tem destacado que a maioria dos países nos quais o combate à pandemia tem tido mais sucesso têm sido países governados por mulheres. Estamos nos referindo à Dinamarca, Etiópia, Finlândia, Alemanha, Islândia, Nova Zelândia e Eslováquia. Esses países foram reconhecidos pela rapidez dos cuidados e pela determinação com a qual os seus governos protegeram a população. No entanto, dos 193 países-membros da ONU somente 20 são governados por mulheres. 

Seja como for, no mundo inteiro, a pandemia tem revelado a centralidade das contribuições femininas e também o peso que isso representa. No mundo inteiro, as mulheres têm carregado um fardo desproporcional. Atuam como profissionais de saúde, cuidadoras e organizadoras comunitárias. No combate à pandemia, algumas das lideranças mais exemplares e eficazes são mulheres. 

Ao mesmo tempo, sabe-se que são as mulheres as principais vítimas de violência doméstica, de tarefas de cuidado não remuneradas. Em todo o mundo os maiores índices de desemprego e de pobreza recaem sobre as mulheres. Apesar das mulheres constituírem a maioria dos trabalhadores da linha de frente, há representação desproporcional e inadequada de mulheres nos espaços nacionais e globais de políticas para a COVID-19.

Infelizmente, em muitos países como no Brasil, a comemoração do 08 de março tem de focar mais sobre as denúncias de violência contra a mulher; violências que tem crescido durante este tempo da pandemia. Muitas vezes, a mulher sofre violência dentro de casa, por parte do próprio companheiro ou de pessoas que lhe são próximas. No Brasil, ainda é comum o crime de estupro e pior ainda o feminicídio, o assassinato de mulheres, pelo fato de serem mulheres. No entanto, além desses atos de violência privada, a violência contra a mulher tomar um caráter coletivo porque, em todos os continentes, existem organizações criminosas que realizam tráfico de mulheres para prostituição forçada. No passado, houve governos que forçavam esterilizações de mulheres pobres para não engravidarem. Há países, nos quais ainda se pratica a mutilação genital feminina. 

Todas essas violências são como ramos e folhas de uma mesma árvore: o sistema patriarcal, ou seja,  o modelo de organização do mundo no qual o homem é o chefe da família e a mulher deve ser submissa. Na história, o patriarcalismo se desenvolveu ligado à instituição da escravidão e também a exploração da terra e da natureza como propriedade. 

Para ser verdadeiramente fecunda, a celebração do dia internacional da mulher deve começar pela transformação das mentes tanto de mulheres como de homens. Todos/as, são oprimidos pelo Patriarcalismo que, atualmente, se expressa na organização capitalista da sociedade.  

Para quem cultiva a espiritualidade, o Espírito Divino se manifesta na parceria e na relação justa de gêneros para testemunhar à humanidade que Deus é unidade na diversidade. As culturas antigas das quais nasceram religiões como o Judaísmo, o Cristianismo e o Islã eram patriarcais. Acentuaram imagens masculinas de Deus como Pai e Senhor. Em nossos dias, graças a Deus, as teologias feministas da libertação nos ajudam a superar esse limites culturais e descobrir o Espírito de Deus como energia de ternura, como dimensão feminina e masculina, presente em cada pessoa humana e que se expressa de modo particular e especial na profecia das mulheres em todas as nossas lutas sociais por justiça e libertação. Parabéns às queridas irmãs e companheiras.  

 

Edição: Vanessa Gonzaga