O investimento feito nos bancos públicos foi responsável pela redução dos impactos da crise mundial
A privatização dos bancos públicos é o pior caminho para lidar com a crise. Isso porque nas mãos do setor privado, essas empresas deixam de ser instrumentos para o desenvolvimento econômico e social do País, impedindo investimentos em saúde e educação pública, construção civil, saneamento básico e habitação. Os principais prejudicados, sem dúvidas, são os trabalhadores, o povo negro da periferia e as mulheres chefes de família.
A população precisa saber que, sem os bancos públicos, os alimentos vão chegar ainda mais caros à mesa dos brasileiros; pela ausência de crédito para a agricultura familiar; o sonho da casa própria estará cada vez mais distante, diante de cortes do crédito habitacional e o desemprego irá aumentar, porque as pequenas e médias empresas não serão capazes de sobreviver sem acesso às linhas de crédito a juros baixos.
Embora Bolsonaro negue que o seu governo tenha a intenção de privatizar as Estatais, este processo já está em curso, com a venda de fatias lucrativas das empresas públicas. No caso dos bancos, subsidiárias de seguros e cartões de crédito da Caixa Econômica e do Banco do Brasil são o filé a ser vendido a preço de banana.
Outra forma de desmonte dos bancos públicos tem ocorrido através das chamadas reestruturações, que na prática significam o fechamento de agências bancárias e a redução da quantidade de empregados para atender à população. Essas são estratégias para o esvaziamento do papel social dessas empresas, precarização dos serviços e preparação para sua entrega.
Mesmo sob esses fortes ataques, as empresas públicas estão mostrando, mais uma vez, a sua capacidade e eficiência ao executar políticas públicas fundamentais para sairmos da crise aprofundada pela pandemia do coronavírus. A Caixa Econômica, por exemplo, garantiu a distribuição de renda ao pagar o Auxílio Emergencial a quase 68 milhões de brasileiros.
Essa é mais uma prova irrefutável de que os bancos públicos estão exercendo o seu papel social, mas, se houvesse interesse político, poderiam estar fazendo muito mais. Vale recordar que, em 2008, o investimento feito nos bancos públicos foi responsável pela redução dos impactos da crise mundial no Brasil. No nosso País chegou apenas uma "marolinha", como disse o ex-presidente Lula.
Mas, são outros tempos. Bolsonaro não estudou a cartilha dos acertados governos do campo progressista, que garantiram o Estado de Bem Estar Social, com oportunidades para todos os cidadãos através da distribuição de renda e de investimentos para a prestação de serviços públicos de qualidade.
Ao defender a redução do Estado, o governo Bolsonaro representa não apenas uma grave ameaça às empresas públicas, como ao funcionalismo público que hoje é afrontado com uma nefasta proposta de "reforma administrativa". Acima de tudo, ameaça a vida das pessoas, priorizando o lucro em detrimento das garantias sociais e constitucionais.
Fazer o enfrentamento à política privatista, ditada pelo atual ministro da Economia, Paulo Guedes, e fortalecer o coro pelo "Fora Bolsonaro", faz-se urgente para criarmos condições concretas para a saída da crise econômica, social e política. Lembremos que os bancos públicos e as estatais não pertencem aos governos, mas ao Estado e ao povo brasileiro. São patrimônios construídos e mantidos com muita luta e suor das trabalhadoras e trabalhadores. Não vamos deixar que vendam o Brasil.
As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do jornal
Edição: Vanessa Gonzaga