Pernambuco

Saúde

Fiocruz PE confirma casos da variante P.1 no estado e sugere medidas restritivas

De acordo com o pesquisador da Fiocruz, essa variante é resultado da ineficiência das medidas tomadas até o momento

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Para chegar a essa comprovação o vírus precisa passar por um estudo de sequenciamento genético - Foto: Peter Ilicciev/FioCruz

Pernambuco confirmou nesta quinta (25) cinco casos de pessoas infectadas pela nova variante do Coronavírus, intitulada P1, mais conhecida como a variante brasileira ou de Manaus. O trabalho científico que constatou esses casos foi feito pelo Instituto Aggeu Magalhães (IAM/Fiocruz PE) a pedido da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), que submeteu 90 amostras de pacientes confirmados para a Covid -19 para sequenciamento genético.

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Os pacientes que tiveram a P1 são quatro mulheres e um homem, com idades entre 21 e 70 anos, são residentes dos municípios do Recife (3), Jaboatão dos Guararapes (1) e Petrolina (1) e adoeceram entre os meses de janeiro e março deste ano. Para chegar a essa comprovação o vírus precisa passar por um estudo de sequenciamento genético, que começa no preparo das amostras, depois se faz a extração do RNA e posterior sequenciamento e análise dos dados. Processo que leva, em média, duas semanas para ser concluído.

Desde a semana passada a Fiocruz já havia emitido um estudo que alertava sobre a circulação da nova variante no território pernambucano. Para Marcelo Paiva, pesquisador colaborador da Fiocruz PE e professor da Universidade Federal de Pernambuco, a confirmação dos casos da P1 coloca o estado em bastante alerta  da necessidade do combate a pandemia, para não chegar ao colapso, como aconteceu em Manaus. “Vimos que ela (a P1) foi rapidamente associada a dois fatores. O primeiro ao aumento do número de casos. E segundo que vemos um perfil diferente dos pacientes acometidos com as formas graves da doença. Saímos de um perfil na idade acima de 60 anos, com comorbidades e estamos vendo pacientes sem comorbidades  com idades menos elevadas, em torno dos 40 e 45 anos desenvolvendo formas severas da doença”, ressalta.

Durante esse período de pandemia, os cientistas têm tido a difícil tarefa de ter que explicar as informações na proporção em que elas vão surgindo. Por isso, ainda não existe uma definição sobre os impactos que a P1 causa nas pessoas infectadas, como também nos números de casos e mortes em Pernambuco. Paiva explica que para concluir um diagnóstico é preciso associar os dados de laboratórios com os dados epistemológicos, que mostram os números de internação, novos casos e mortes. “A gente sabe que existe uma transmissibilidade maior dessa variante. Ou seja, um indivíduo infectado por essa linhagem tem a probabilidade maior de transmitir o vírus para mais pessoas do que o indivíduo que se infecta com as linhagens mais antiga, que ainda se encontram em circulação no estado. A outra coisa é sobre a letalidade. Se mais pessoas estão sendo infectadas por ela e estão apresentando os sintomas graves da doença, temos a consequência um aumento indireto da letalidade”.

A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) e a Fiocruz Pernambuco mantém uma parceria para que mensalmente sejam enviadas amostras que devem ser estudadas no laboratório de nível de biossegurança 3 (NB3) e na central de sequenciamento dessa unidade da Fiocruz. É através dessas análises que as medidas de prevenção são normalmente tomadas. “A nossa responsabilidade, dentro do que podemos oferecer enquanto pesquisadores, como mão de obra, um parque tecnológico, expertise, insumos, estamos dando todos os resultados. Nos reunimos e explicamos tudo sobre todos os resultados. A partir daí entra uma outra seara, é algo que envolve as secretarias e o governador”, conta Paiva.

Medidas para a prevenção

De acordo com o pesquisador da Fiocruz, essa variante é resultado das ineficientes medidas tomadas até o momento. “Não é por causa da variante que nós estamos agora desta forma. Na verdade, tudo que nós fizemos de errado até aqui, principalmente relacionado ao isolamento e medidas de distanciamento, são fatores que fazem com que o vírus corra livremente. Isso não é somente uma culpa que o governo carrega, mas, todos nós. Temos que fazer um processo de autorreflexão sobre como nós adotamos determinadas medidas sabendo que elas não são eficazes”, diz.

O governador Paulo Câmara anunciou, nesta quinta-feira (25), que o Estado vai estender a quarentena mais rígida que está em vigor desde o último dia 18, até o dia 31 de março. Com isso, Pernambuco completará 14 dias seguidos de medidas restritivas em todo o território. O governador comunicou ainda que já a partir do dia 1º será colocado em prática um novo plano de convivência com a pandemia da Covid-19, com regras válidas até o dia 25 de abril.

Para Marcelo, o momento é de restrição. “sabemos mais do que nunca que nós precisamos do isolamento de uma maneira bem eficiente para aumentar de fato a probabilidade da não transmissão. E isso só faz separando mais as pessoas. Precisamos também reforçar a necessidade do uso de máscaras mais seguras e a higienização correta das mãos. Mas, tudo isso tem que estar associado a um processo de vacinação em massa. Quando mais pessoas imunizadas, melhor para nossa população”, defende.

A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) registrou nesta quinta-feira 2.786 casos da Covid-19. Entre os confirmados, 187 são casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e 2.599 (93%) são leves. Agora, Pernambuco totaliza 339.022 casos confirmados da doença.

Edição: Vinícius Sobreira