Com valores que variam entre R$150 e R$250, milhões de brasileiros começam a receber o Auxílio Emergencial, no dia 6 de abril. Ao todo, segundo estimativa do Governo Federal, 45 milhões terão acesso ao valor.
Considerado pelo presidente da república como um benefício temporário, o hiato entre o último pagamento, em dezembro de 2020, e esta parcela, deixou milhões de famílias beneficiárias sem esta renda por quase um trimestre. Neste período o país viu agravar a pandemia de covid-19, com recordes diários de número de mortes e contaminados. Confira na reportagem:
Pedro Lapa, economista e cientista político faz crítica ao novo modelo de auxílio “Entramos em 2020 e o quadro piora, a pandemia passa por um patamar inimaginável e, apesar da piora, o governo demora e quando encaminha, encaminha com dois elementos muito negativos: com um valor muito menor que no último trimestre de 2020 e chantageando o congresso para poder retirar recursos da educação e da saúde”.
Com a grave crise econômica, acentuada pela pandemia, e a inoperância do Governo Federal, municípios, entre eles Recife, considerada a capital mais desigual do país, segundo dados do IGBE, passaram a debater a adoção de uma renda básica municipal.
Elisa Maria, integrante da campanha e militante da Marcha Mundial das Mulheres explica que que uma possibilidade é realocar recursos “A gente começou um estudo pra ver de onde poderia sair esse valor e sobressai aos nossos olhos que a prefeitura do Recife gasta muito mais do que outros municípios de mesmo porte com a coleta de lixo, por exemplo, e tem um gasto exorbitante com comunicação. Não que não seja importante na lógica da administração pública esses gastos, mas a gente coloca que, com a pandemia e a vida das pessoas em risco - as pessoas estão morrendo por vírus e por fome; é hora sim de realocar recursos”, explica.
A campanha é formada pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, bem como vereadores da capital pernambucana. Elisa aponta que a renda é essencial especialmente para quem trabalha na informalidade “Estamos falando de garantir uma renda mínima, uma renda universal mínima, é o horizonte do debate que vem a trazer justiça social e redistribuição de renda. Porque o povo pode não estar no trabalho formal, mas o povo trabalha informalmente, o povo trabalha em casa e aí sobretudo as mulheres”.
A iniciativa não é uma novidade no Brasil. Maricá, no Rio de Janeiro, já se tornou uma referência em renda básica na América Latina. Para o economista Pedro Lapa, a implementação da Renda Básica pode impactar positivamente na economia “Não se perde dinheiro quando se é solidário, essa é uma decisão de política econômica em que se ganha o beneficiário e ganha a estrutura produtiva. Quando você tem um ganho permanente, você organiza os seus gastos. Não se trata só de um gesto humanitário, se trata também de uma estratégia econômica coerente”.
Edição: Monyse Ravena