Conhecido, sobretudo, pelas lutas travadas nos anos 80, o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Pernambuco, o Marreta, completa 100 anos de fundação. Para comemorar, o sindicato lança, nesta segunda-feira (03), de forma online, o livro ”Argamassa de uma História Sindical: Marreta 100 anos de luta”, fruto de pesquisas entre as documentações do sindicato e trabalhos acadêmicos que tem como foco contar a história da instituição.
Para a autora e também secretária geral do sindicato Ducilene Morais, este livro é a soma de um resgate histórico e também uma forma de mobilização para a luta das pautas sindicais. “Esse processo começou para que a gente dessa visibilidade da luta operária, não só dos trabalhadores da construção civil, mas, de todo o mundo, porque a luta do movimento sindical é muito marginalizada. Nosso sindicato foi bastante perseguido durante sua história, então construímos esse livro para os trabalhadores conhecerem sua história. E conhecendo de onde vem, dá mais gás para continuar lutando”, conta.
Ducilene divide a autoria com David Rodrigo e o livro é um projeto que envolve além do Marreta outras organizações, como a Central Única dos Trabalhadores de Pernambuco (CUT PE) e a Copergás. Durante dois anos e meio os autores se debruçaram nos documentos que ainda restam no sindicato, como também em conversas com figuras que participaram ativamente da história da organização. “Nós queríamos fazer um trabalho com mais detalhamento, mas, isso também nos foi negado pela própria estrutura. Nossos arquivos foram queimados pela Ditadura Militar. Mas, tivemos a felicidade de conversar com o primeiro sócio do nosso sindicato, que hoje tem 94 anos, é o nosso arquivo vivo”, ressalta Morais.
Ducilene Morais divide a autoria com David Rodrigo e o livro é um projeto que envolve, além do Marreta, outras organizações / Divulgação
E mesmo com a dificuldade de acesso aos arquivos, se mantém no sindicato as relações com militantes históricos, como Gregório Bezerra, que foi preso enquanto participava de uma passeata dos operários da construção civil e depois destacado como importante dirigente Partido Comunista Brasileiro (PCB) e deputado constituinte de 1946. Ducilene conta que a categoria se inspira na luta e vida de Gregório, homenageia em espaços da organização e lamenta a falta de acesso à história. "Temos uma sala aqui em nome dele, mas, do ponto de vista de pesquisa, a gente não teve acesso ao material. Estamos tentando ainda, mas, fomos impedidos, como por exemplo, de ter acesso a diversos artigos que sabemos que existem, do Diário de Pernambuco sobre esses momentos. Muitas coisas que conseguimos foram com base em estudos acadêmicos. Acho que Gregório Bezerra precisa de coisa mais profunda", diz.
Além das histórias em torno do movimento sindical, em um contexto mais nacional chegando até a realidade do Marreta de Pernambuco, os autores optaram por enaltecer a presença das mulheres na construção civil pernambucana. “O espaço dentro do movimento sindical para o reconhecimento das dirigentes mulheres também é obscuro. O livro resgata a luta da mulher, em particular, dentro do movimento sindical. Nós queremos dar visibilidade às trabalhadoras da construção civil, que efetivamente contribuem para o crescimento do setor nacionalmente e que sempre foram ignoradas”.
O lançamento do livro fará parte das comemorações do centenário e também do Dia do Trabalhador e da Trabalhadora. O evento será transmitido ao vivo, no canal “Operários em Ação”, no Youtube, na próxima segunda-feira (03), a partir das 19h30. Para ter acesso ao livro, basta entrar em contato com o Marreta Pernambuco nas redes sociais.
Edição: Vanessa Gonzaga