Pernambuco

ECONOMIA

Pesquisa aponta que 79,2% das famílias pernambucanas estão endividadas

A taxa é superior à média nacional, de 67,5%. Cerca de 12% não tem como pagar as contas

Brasil de Fato | Recife (PE) |
A projeção da pesquisa é de que o nível de endividamento deve continuar nos próximos meses - Marcos Santos/USP Imagens

No mês de  abril, o percentual de famílias endividadas em Pernambuco – que possuem contas ou dívidas contraídas com cheques pré-datados, cartões de crédito, carnês de lojas, empréstimo pessoal, compra de imóvel e prestações de carro e de seguros – manteve-se em 79,2%, mesmo valor observado no último mês de março.

Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), organizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio), que posta que desde janeiro, após o fim das transferências do Auxílio Emergencial, os  níveis de endividamento tem se tornado preocupantes, ficando próximo de alcançar 4 em cada 5 das famílias pernambucanas.

Já o percentual de famílias inadimplentes, com contas ou dívidas em atraso, voltou a subir e ficou em 29,1%, após uma pequena queda em março (28,8% contra 29,8% em fevereiro). A proporção de famílias que declaram não ter condições de pagar as contas e dívidas em atraso, por sua vez, ficou em 12,0% em abril, com leve alta em relação a março (11,6%).

Acima da Média

Esses patamares, em especial o de famílias endividadas, situam-se bem acima do registrado no nível nacional, onde: a proporção de famílias com dívidas ficou em 67,5%, a maior da série histórica e já observada em agosto de 2020; a inadimplência, em queda há oito meses, ficou em 24,2%; as que não terão condições de pagamento representam 10,4%.

Sobre o perfil do endividamento, ressalta-se que entre as famílias endividadas 47,7% têm dívidas que perdurarão por até seis meses e 46,6% delas têm dívidas que deverão comprometer a renda por no mínimo um semestre. Dessa forma, estima-se que o tempo médio de comprometimento da renda com as dívidas na família seja de sete meses, ou seja, um prazo que se estende durante o restante do ano de 2021. Também se destaca que 56,4% das famílias endividadas têm entre 11% e 50% da sua renda comprometida com dívidas.

Entre os principais tipos de dívidas, atenção especial volta-se para o cartão de crédito, cuja proporção de famílias declarantes desta modalidade foi de 96,1%, contra 94,9% em abril. A participação do cheque especial entre as famílias endividadas também evolui em abril em relação a março, saindo de 11,2% para 14,4%. Outro tipo de dívida destacada pelos endividados foram os carnês, que estão presentes entre 22,8% das famílias em abril, face aos 20,2% registrados em março.

Fim do Auxílio Emergencial 

Os resultados da pesquisa não refletem uma possível, ainda que pequena, retração no nível de endividamento no mês de abril, já que a coleta dos dados é feita nos últimos dez dias do mês anterior ao da sua divulgação. Ou seja, os dados refletem uma posição do endividamento familiar no final de março, não contemplando o aporte financeiro da nova rodada do Auxílio Emergencial, iniciada em 6 de abril.

Nesses primeiros meses de 2021, além do atraso para a retomada do Auxílio Emergencial, a retração nos rendimentos do trabalho e a pressão inflacionária minam o poder de compra das famílias pernambucanas, que se vêm obrigadas a postergar dívidas com prestações e empréstimos para continuar consumindo itens essenciais.

Para os próximos meses, a julgar pelo quadro de deterioração do mercado de trabalho, com persistente alta da taxa de desocupação, além de recursos emergenciais mais escassos tanto para famílias de baixa renda e desempregados quanto para os micro e pequenos empreendedores, a projeção da pesquisa é de que o nível de endividamento deve continuar implicando em menores intenções de consumo e dificuldades no setor terciário.

 

Edição: Vanessa Gonzaga