Na manhã desta terça (25) cerca de 200 famílias ligadas ao Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Acampamento Bondade, localizado na zona rural do município de Amaraji, na Zona da Mata Sul de Pernambuco, foram surpreendidas com uma operação de despejo violenta, com ataque de bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha.
Governador @PauloCamara40 do PE autorizou nessa manhã que @pmpeoficial despeja o acampamento do @MST_Oficial no município de Amaragir, 450 policiais, desrespeitando um orientação do @STF_oficial de não fazer despejos na pandemia! Nosso repúdio Juiz e governo por essa decisão. pic.twitter.com/Ss7DiA2key
— João Paulo Rodrigues (@joaopaulomst) May 25, 2021
De acordo com os advogados do Setor de Direitos Humanos do MST, a polícia dispersou a ocupação, concluiu a reintegração de posse e sete militantes do MST Pernambuco foram detidos. Agora, o grupo está a caminho da Delegacia de Polícia em Amaraji para acompanhar o caso. Dirigente nacional do MST em Pernambuco, Jaime Amorim afirma que a polícia incendiou a ocupação "Tudo foi destruído. A Polícia esta queimando tudo: barracos, lona, pertences. É terra rasada", lamenta.
Em nota oficial, o MST afirma que há uma criança entre os detidos "Neste exato momento, 7 pessoas acampadas foram detidas pela polícia, entre eles uma criança de 12 anos, que está sendo coagida em interrogatório feito por policiais, enquanto aguardam a chegada do delegado, que dará continuidade na apuração do caso" afirma.
Na última semana, o Brasil de Fato Pernambuco denunciou as ameaças que as famílias vinham sofrendo, atribuindo as ações à Usina União e Indústria S/A e denunciando também a falta de diálogo com os órgãos responsáveis.
Agora, as famílias estão sofrendo ataques do Batalhão Especializado de Policiamento do Interior (BEPI), do Batalhão de Choque da Polícia Militar de Pernambuco e da cavalaria da Polícia Militar de Pernambuco. Além disso, um helicóptero da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco sobrevoa as terras do engenho Bondade, na zona rural de Amaraji.
Na última quarta, o Ministério Público de Pernambuco declarou em nota que “iria até o assentamento conversar com assentados para buscar uma solução pacífica para o cumprimento da decisão judicial”. Contudo, as famílias afirmam que nem o Governo do Estado, nem o Iterpe, ou o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) ofereceram nenhuma solução do conflito fundiário com os usineiros da Usina União.
Além de ser autora do pedido de despejo, a usina já foi denunciada pelo próprio MPPE por perpetuar trabalho escravo, onde muitos desses trabalhadores(as) são os(as) mesmos(as) que hoje resistem ao despejo do Engenho Bonfim.
O Brasil de Fato Pernambuco entrou em contato com o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e a Secretaria de Defesa Social (SDS). Em nota, o Ministério Público afirma que "o MPPE não é parte no processo e que interveio a fim de garantir a integridade de todos os envolvidos. Quanto ao planejamento operacional da polícia, trata-se de uma atribuição deles, cabendo ao Ministério Público a fiscalização. Até o momento, não houve relatos de irregularidades por parte dos policiais". A Secretaria de Defesa Social não respondeu aos questionamentos.
Em atualização
Edição: Vanessa Gonzaga