A conduta do presidente é mais perigosa do que o vírus
A trágica marca das 500 mil vidas perdidas lamentavelmente se aproxima no Brasil, ao mesmo tempo que o Presidente da República descumpre os protocolos de saúde e causa aglomerações irresponsáveis. Além de obrigar a população mais carente a sair de casa em busca do seu ganha pão, pois o resultado da redução do Auxílio Emergencial foi a volta da fome aos lares de milhares de brasileiros. A soma é alarmante, são mais de 19 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar. Mas, ainda que desoladora, a insatisfação popular cria também um ambiente propício para que sejam impulsionadas as mudanças que desejamos através do poder popular.
Então, é chegada a hora. Enquanto pelas vias institucionais a CPI da Covid-19 no Senado busca identificar o responsável por este genocídio, cabe a nós, sociedade civil organizada, denunciarmos o nome do culpado, bradando aos quatro ventos: “Fora Bolsonaro!”. Pois, é por meio da mobilização popular que seremos capazes de retomar os rumos do nosso País.
Se no próximo dia 29 de maio a população vai às ruas pedir o fim do governo, é porque a conduta do presidente é mais perigosa do que o vírus. Antes de criticar a mobilização, é preciso levar em conta que a maioria da classe trabalhadora já está exposta, desprotegida, sem vacina para todos, nos ônibus, metrô, nos bancos lotados e vivendo em situação de rua.
Os bancários, por exemplo, não foram incluídos no Plano Nacional de Imunização (PNI), mesmo sendo considerados essenciais na pandemia. Vale lembrar ainda que o desemprego avança, inclusive no setor financeiro que é o mais lucrativo do país, e que outros trabalhadores são atingidos pela precarização e redução de salários. Ou seja, a pandemia nas mãos de um governo comprometido com o capital, aprofundou ainda mais as históricas desigualdades no Brasil.
É certo que participar de atos públicos durante a pandemia não é o cenário ideal, mas é o possível e o necessário diante das condições que estão postas a maioria do povo brasileiro. Vamos exigir vacina para todos, auxílio de R$600 enquanto durar a pandemia, fortalecimento do SUS, não às demissões, não à privatização dos bancos públicos e das demais empresas públicas. Chegamos ao limite do sofrimento e precisamos de ações para salvar vidas. Não temos mais tempo a perder.
As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do jornal
Edição: Vanessa Gonzaga