Pernambuco

ENTREVISTA

Lactantes se mobilizam e pedem inclusão no grupo prioritário da vacinação em PE

Mães lutam pela imunização de lactantes independente da idade do bebê através de "Mamaços Virtuais"

Petrolina (PE) |
Em Pernambuco, "Mamaço Virtual" tem pressionado o poder público - Wilson Dias/Agência Brasil

Estudos recentes mostram que lactantes vacinadas podem prevenir os bebês contra a covid-19. Um desses estudos foi uma revisão feita por pesquisadoras do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo, publicada no Physiological Reports. Com essa descoberta positiva, mães em todo o Brasil estão se mobilizando para serem incluídas no grupo prioritário da vacinação, como forma de protegerem a si e aos filhos. 

Através das redes sociais, surgiu o grupo Lactantes Pela Vacina, para pressionar a ação do poder público tanto em nível nacional, quanto local. A iniciativa, que surgiu em Salvador (BA), se espalhou por diversos estados do país. O Brasil de Fato Pernambuco entrevistou Bruna Pessoa, integrante do movimento em Pernambuco, para saber o que tem sido feito e quais foram as conquistas até agora. 

“Vacina é direito e a mulher tem que receber assistência do Estado”

Bruna Pessoa ressalta que a inclusão das gestantes e puérperas no Plano Nacional de Imunização foi uma vitória, mas aponta a necessidade de ir além e estender a imunização desde a gestação até a lactação. “Os anticorpos da mãe vacinada são transmitidos para o bebê que mama, então essa mobilização é principalmente pelo fator de dar essa proteção aos bebês”, explica. 

Ela ainda enfatiza que as crianças estão totalmente expostas ao vírus, porque não podem usar máscara e não estão previstas no Plano de Imunização. Essa seria, então, uma das únicas formas de proteção. 

Muitas dessas lactantes acabam por expor os filhos pela necessidade de sair para trabalhar. "Nem todas podem fazer home office, principalmente as de baixa renda. Elas precisam de creche", completa. 

Incentivo ao aleitamento materno 

A descoberta ainda reforça algo que diversas mães têm destacado há muito tempo: a importância do aleitamento materno. "O leite materno é um alimento completo e imunizante natural. Quanto maior o tempo que o bebê for amamentado, mais imunizado estará sobre qualquer tipo de doença", defende Bruna. 

Outro ponto que é reforçado pelas mães é a necessidade da vacinação independente da idade do bebê, ao contrário do que tem sido feito em diversos municípios, que estipulam critérios de idade. “Tem mãe que amamenta até três anos, ou mais de uma criança, então a gente entende que a vacinação para esse grupo é uma ferramenta de imunização coletiva”. 

Em Pernambuco, o Movimento também se mobiliza. Através do Instagram, as lactantes realizaram um abaixo-assinado que pede a inclusão dessas mães no grupo prioritário da imunização e já conta com mais de 10.700 assinaturas.  

Além disso, a rede social tem sido a principal forma para pressionar gestores públicos e parlamentares. Uma das formas é através do “Mamaço Virtual”, em que as mães publicam fotos em que amamentam os filhos, com hashtags como “MamaçoVirtual”, “LactantesPelaVacina”. 

Conquistas do Movimento

Bruna conta que algumas conquistas aconteceram durante as últimas semanas. Na última reunião da Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco (ALEPE), foram aprovadas três indicações dos deputados estaduais Tony Gel (MDB), Teresa Leitão (PT) e Dulce Amorim (PT), que incluem as lactantes no grupo prioritário do plano de vacinação contra a covid-19 em Pernambuco. 

Além de Recife e Olinda, onde os requerimentos propostos por Liana Cirne (PT) e Vinicius Castello (PT) foram aprovados, houveram, ainda, requerimentos aprovados nas Câmaras de Vereadores de cidades do interior, como Caruaru, Cabo de Santo Agostinho e Petrolina. 

As mães seguem na luta pelos demais municípios e pedem com urgência ao governador Paulo Câmara (PSB) que os projetos de lei 2266/2021 e 2270/2021 sejam votados e sancionados.

Para Bruna, a palavra de ordem é esperança. "Essa é uma forma de prevenir que as crianças não desenvolvam formas graves da doença. Então é mais um motivo para pedirmos essa proteção ao Estado", finaliza.

Edição: Monyse Ravena