A tradição das festas juninas é uma das principais manifestações da cultura popular brasileira. Na gastronomia do evento, elementos do nordeste não faltam e um dos principais ingredientes é o milho. Isso porquê o São João acontece no período da colheita do grão; assim, a maior parte das comidas típicas da festa tem como base o milho. Confira a reportagem:
Para a agricultora e integrante do Movimento Camponês Popular (MCP), Joana Dark Bezerra Siqueira, o milho e as comidas feitas a partir dele são uma tradição para a sua família na cidade de Sertânia, no Sertão do Moxotó. “A gente tem por tradição, na época do São João, de ter o milho verde para comemorar o São João e fazer nossas comidas: canjica, pamonha, milho assado, milho cozinhado, bolo de milho. É um símbolo do São João a gente ter essas comidas típicas”, afirmou a agricultora que produz milho, feijão e algodão.
Essas receitas são passadas de geração em geração e reúnem famílias desde o preparo até a hora de apreciar essas delícias, seja no sertão ou no litoral. É o que acontece na família da cozinheira Maria de Lourdes da Silva, que mora na Região Metropolitana do Recife. “Eu aprendi a fazer com a família, com a minha avó, minha mãe, minhas tias. A gente morava no sítio, plantava, colhia e fazia as comidinhas”, relembra Lourdes.
Aproveitando as referências ancestrais, Maria de Lourdes teve a ideia de usar as receitas de família como fonte de renda, e divulgar o trabalho através das redes sociais. “Eu sempre fazia e dava para os vizinhos, para as pessoas conhecidas. Aí no ano passado o pessoal começou a me cobrar para fazer pra vender. Como eu precisava de uma renda extra, aí continuamos fazendo”, afirma a cozinheira, que observa um aumento nos pedidos este ano. “As vendas este ano, por incrível que pareça, não sei se pela divulgação, está melhor que no ano passado, não impactou muito, não. Até porque o pessoal está todo em casa”, conclui.
Já para quem produz o milho no sertão, a safra não foi das melhores, por causa das poucas chuvas na região. “A maioria dos agricultores perderam aqui da nossa região, pouquíssimos conseguiram lucrar, tirar pelo menos para o seu alimento”, lamenta Joana. Mesmo assim, os agricultores continuam semeando a perseverança e a fé em anos melhores. “Como somos persistentes, agricultor não desiste, nordestino não desiste de jeito nenhum, no próximo ano plantaremos de novo, se Deus quiser”, esperança a agricultora.
Edição: Monyse Ravena