Ultrapassamos a triste marca de quase mil bancários contaminados no estado
Imagina um estado que, sem vacinar um grupo de trabalhadores considerados essenciais na pandemia, atingiu um crescimento de 440% no número de casos de covid-19, em 12 meses, numa mesma categoria? Este é o (des)caso de Pernambuco com relação aos bancários. Mesmo com agências superlotadas, um terreno fértil para a contaminação, os bancários cumpriram o seu papel social de atendimento à população, com pagamento de auxílio emergencial, seguro desemprego, liberação de crédito, entre outros. Entretanto, foram esquecidos pelo Governo Federal e Governo do estado de Pernambuco no momento da proteção à vida. O resultado é que ultrapassamos a triste marca de quase mil bancários contaminados no estado, com pelo menos uma dezena de mortes na categoria.
Na cidade de Surubim, por exemplo, 1/3 dos trabalhadores bancários foram contaminados. De forma acertada, esse município acatou o pedido do Sindicato dos Bancários de Pernambuco e incluiu a categoria no plano municipal de vacinação. A iniciativa também foi tomada pelas prefeituras de Itapetim, Bonito, Ouricuri, Salgadinho, Goiana, Bom Conselho,Tabira, Palmares, Cabrobó e Orobó. O que causa espanto é recebermos a informação que algumas dessas prefeituras foram pressionadas para recuar da decisão, mesmo tendo vacinas para contemplar a categoria.
Interlocutores do Governo afirmam que estão empenhados em ampliar a vacinação para os bancários, mas até agora o Governador segue em silêncio, sem anunciar sequer uma previsão para a vacinação. Cerca de 60% dos bancários têm menos de 40 anos e não foram imunizados por faixa etária. Esse também é o grupo que majoritariamente está exposto nas agências durante a pandemia, atendendo centenas de pessoas por dia.
O risco de contaminação para o bancário é alto e também o risco desse mesmo trabalhador se tornar um transmissor do coronavírus nos bancos é grave. Por isso, o estado de greve anunciado pelos bancários nesta semana é pela vida, pela inclusão no plano de imunização. Não queremos chegar ao ponto de paralisar as atividades, mas a greve é o último recurso da classe trabalhadora e poderá ser usado se não avançarmos na negociação.
A defesa é sempre por vacina para todos. Mas, por culpa do descaso do governo Bolsonaro na aquisição das vacinas, estamos precisando priorizar os grupos mais expostos, como evidentemente é o caso dos bancários. Nossa luta é pela vida! Nossa luta é para não permanecermos em estado de luto, nos despedindo de mais Adeiltons, Gilvans, Mariannes, Rogérios, Joãos...Quantos outros bancários terão que morrer até que a categoria possa receber a vacina?
Edição: Monyse Ravena